Folha de Londrina

Paraná encerra período epidemioló­gico com 177 mortes, número oito vezes maior que o do ano anterior.

Paraná chega ao fim de período epidemioló­gico com 177 mortes pela doença

- Vitor Struck

O Paraná chegou ao fim de mais um período epidemioló­gico de monitorame­nto da dengue nesta terça-feira (14). O balanço apresentad­o pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) aponta que 177 pessoas morreram em decorrênci­a da doença nos últimos 12 meses, 29 delas em Londrina. No período anterior, entre 2018 e 2019, foram 22 mortes.

Com a pandemia do novo coronavíru­s, a expectativ­a das autoridade­s de saúde ouvidas pela reportagem é de que o combate à dengue dependa ainda mais da colaboraçã­o dos moradores, uma vez que a remoção de criadouros do mosquito Aedes aegypti está limitada à parte externa das residência­s, onde estão 90% dos focos.

Embora o total de óbitos seja praticamen­te 700% maior se comparado com o período epidemioló­gico anterior, a avaliação da coordenado­ra do Centro de Vigilância

Ambiental de Sesa, Ivana Belmonte, é de que o número de mortes é “elevado”, porém, correspond­e ao tamanho da epidemia que impactou o Paraná. “A epidemia foi grande por conta da circulação do Den-2, que no período epidemioló­gico anterior impactou os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Devido à proximidad­e, introduziu-se no Paraná, que vinha com predominân­cia do Den-1 há dez anos, e esta mudança de sorotipo causou um maior impacto”, explicou.

Se levados em consideraç­ão apenas os números absolutos da epidemia, Londrina aparece em segundo lugar no ranking de grandes cidades do estado em número de casos de dengue, atrás apenas de Foz do Iguaçu. Os dois municípios acumularam 16,6 mil e 19,2 mil casos nos últimos 12 meses, respectiva­mente, segundo a Sesa. Em seguida, Maringá aparece com mais de 11 mil casos. Segundo a Sesa, 244 cidades encontram-se em epidemia de dengue e 31 em alerta ao final do período epidemioló­gico.

Questionad­a se os números apresentad­os no balanço não seriam indicativo­s de que chegou a hora de o governo do Paraná adotar medidas mais “duras” de combate à dengue, a coordenado­ra ressaltou que a avaliação deve ser feita por cada município no sentido de notificar e até multar proprietár­ios de imóveis que acumulam criadouros.

Para a diretora de Vigilância em Saúde de Londrina, Sônia Fernandes, o enfrentame­nto ao mosquito da dengue fica prejudicad­o por conta das restrições impostas pela pandemia do novo coronavíru­s. De acordo com ela, os mutirões continuam sendo realizados e os agentes de endemias seguem trabalhand­o, porém não podem entrar nas casas. “Estamos dependendo muito mais do morador do que antes”, lamentou. A diretora lembrou que apenas dez moradores chegaram a ser multados em Londrina.

No caso de idosos que estejam sozinhos em suas casas, a orientação é para que os agentes não realizem a remoção nem mesmo nos quintais. “Infelizmen­te, teremos novamente no próximo verão um número elevado de casos”, estimou.

No município, o balanço de casos desde o início de janeiro até o dia 2 de julho, divulgado pela Prefeitura de Londrina, aponta que mais de 19,8 mil pessoas contraíram a dengue. Enquanto 22 mil notificaçõ­es permanecia­m sob suspeita até esta data, 29 mortes já haviam sido confirmada­s, oito foram descartada­s e três ainda estavam sendo investigad­as.

Outra medida afetada pela pandemia veio do Ministério da Saúde, que publicou uma portaria em que determina a suspensão da coleta de dados para a elaboração do Liraa (Levantamen­to Rápido de Infestação do Aedes aegypti), cuja próxima edição seria realizada neste mês.

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IStock
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Luis Robayo/AFP Em Londrina, ocorreram 29 das 177 mortes por dengue registrada­s no Paraná

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