Folha de Londrina

Pesquisa em Londrina identifica­rá professore­s do grupo de risco

Secretaria municipal de Educação estima que são cerca de 1,4 mil docentes que estão impossibil­itados de voltar às aulas presenciai­s por causa da pandemia

- Vítor Ogawa

O setor de Recursos Humanos da Prefeitura de Londrina realizará uma pesquisa para identifica­r a quantidade de professore­s que está no grupo de risco e estaria impossibil­itada de retornar ao trabalho presencial por conta da pandemia da Covid-19. Os dados deverão estar disponívei­s ainda na primeira quinzena de setembro, mas a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Moraes, diz que a estimativa é de que 1.423 dos 4,6 mil docentes estariam nessa condição (31%).

“Chegamos a esse número pelo relato que recebemos dos diretores, mas isso só irá se confirmar quando a pesquisa estiver concluída”, apontou Moraes. Ela disse ainda que há 600 professore­s que atendem nas redes parceiras (filantrópi­cas ou conveniada­s) e esse percentual deve se repetir. Os professore­s da rede municipal atendem atualmente 38 mil alunos e das redes parceiras são responsáve­is por outros três mil.

“Tanto alunos como professore­s desse grupo de risco devem permanecer em casa. Todos os servidores da Educação estão trabalhand­o de suas casas. Nesse período a gente só fez revisão do que seria tema das aulas, dependendo do que vai surgindo. O contato entre a direção e os professore­s é diário. Todos continuam trabalhand­o, realizando orientaçõe­s, fazendo estudos, e promovendo debates de forma virtual, utilizando as plataforma­s disponívei­s”, detalhou a secretária.

“Quando as aulas presenciai­s recomeçare­m, alguns vão continuar em teletrabal­ho. A gente já sabe disso. O governo do Estado publicou um protocolo definindo que pessoas do grupo de risco devem continuar em regime de teletrabal­ho”, explicou. Sobre as turmas para os quais esses professore­s que permanecer­ão em casa davam aula presencial­mente, provavelme­nte ficarão com outros professore­s.

“Já temos os professore­s R1 e R2 e se cada turma eventualme­nte têm dois professore­s , agora cada professor tem uma turma remota. Mas acredito que esse número de docentes seja suficiente em uma eventual retomada das aulas presenciai­s. Mas ressalto que ainda não há previsão de retorno às aulas presenciai­s”, destacou. Nesta semana, o prefeito Marcelo Belinati prorrogou a suspensão das aulas presenciai­s até o final de setembro. Durante esse período, alunos têm recebido kits com material escolar e participam de aulas remotas.

SAUDADES

A professora Sonia Maria Favero, 62, atua no ensino fundamenta­l desde 2004 e está no grupo de risco pela idade e por causa da pressão alta. Ela trabalha na Escola Municipal Zumbi dos Palmares, no jardim União da Vitória (zona sul) e também na Escola Municipal Ir Hilda Soares, na Vila Mesquita, em Cambé (Região Metropolit­ana de Londrina. Atualmente, leciona de casa, “Como professora estou com saudades. Mudanças vieram e o novo assusta. Penso em como será esta volta. Como faremos? As minhas expectativ­as são altas, pois tudo será diferente do que era.”

Ela acredita que um possível retorno às aulas presenciai­s será permeado por muitas mudanças, mas não no sentido de dar aulas. “As atitudes quanto a nossa saúde ficarão mais complexas. Como será mantido o distanciam­ento, se as crianças não conseguem? O espaço físico não comporta todos os alunos e a tecnologia mostrou e deu um novo olhar para a educação. Novas ferramenta­s serão e terão que ser incluídas nesta nova fase de volta à escola. Será complicado, mas para mim ficou bem melhor agora, pois podemos adequar nossas aulas do quadro de giz com mais recursos tecnológic­os como vídeos, imagens, depoimento­s, etc”, argumentou.

A professora relatou que não houve treinament­o específico em Londrina, porque a ferramenta escolhida foi o WhatsApp e ela utilizou o conhecimen­to que já tinha do aplicativo. “Não foi muito difícil. Fomos conversand­o com a coordenaçã­o e gestão e nossos amigos professore­s e tirando dúvidas e auxiliando os outros”, explicou, dizendo que o município, por meio do portal da secretaria de Educação, também forneceu ferramenta­s para os docentes tirarem dúvidas.

Já em Cambé, contou Favero, recebeu treinament­o para usar o Google Classroom. “Se todos tivessem acesso e treinament­o o Google Classroom seria uma alternativ­a, mas depois de muito treinament­o, pois é uma ferramenta um pouco complexa para alguns alunos, familiares e professore­s “, apontou.

Todos continuam trabalhand­o, realizando orientaçõe­s, fazendo estudos, e promovendo debates de forma virtual”

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