Folha de Londrina

Efeitos da pandemia derrubam PIB do Brasil em 9,7% no 2° trimestre

Com queda de quase 10% na comparação com os três meses anteriores, PIB brasileiro tem o pior resultado desde o final de 2009

- Eduardo Cucolo e Nicola Pamplona

São Paulo

- A economia brasileira registrou retração inédita de 9,7% no segundo trimestre de 2020 na comparação com os três meses anteriores, segundo dados divulgados nesta terça-feira (1º) pelo IBGE.

Esse foi o período mais intenso dos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavíru­s, como mostraram também dados de outros países. A expectativ­a é que a economia tenha voltado a crescer no terceiro trimestre, mas há dúvidas sobre o ritmo de recuperaçã­o, principalm­ente por causa das sequelas no mercado de trabalho e da situação fiscal do país.

Em relação ao mesmo período de 2019, o PIB (Produto Interno Bruto) caiu 11,4%. Ambas as taxas foram as quedas mais intensas da série, iniciada em 1996, segundo o IBGE.

O IBGE também revisou o resultado do primeiro trimestre de uma queda de 1,5% para retração de 2,5%.

Analistas consultado­s pela agência Bloomberg projetavam retração de 9,2% na comparação com o trimestre anterior e de 10,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com essas duas quedas, o PIB está no mesmo patamar do final de 2009, segundo o

IBGE, auge dos impactos da crise global provocada pela onda de quebras na economia americana.

Segundo dados compilados pela OCDE, entre quase 30 economias que já divulgaram o resultado do segundo trimestre, a retração do PIB ficou em 9,5% na média. Entre os países membros da entidade, foi de 9,8%.

No acumulado em 12 meses, houve retração de 2,2%. As projeções de mercado para o resultado do ano são de queda de 5,28% em 2020, seguida por cresciment­o de 3,50% em 2021.

No acumulado do primeiro semestre, o PIB caiu 5,9% em relação ao mesmo período de 2019, primeira taxa semestral negativa desde 2017, quando o Brasil estava saindo da recessão de 2015 e 2016.

SETORES

O efeito sobre os setores foi desigual. Com o fechamento de lojas, shoppings, bares e restaurant­es, o setor de serviços, responsáve­l por quase 70% do valor agregado ao PIB brasileiro, recuou 9,7% no trimestre. Um dos segmentos contabiliz­ados como serviços, o comércio varejista, ajudou a evitar um resultado pior.

A indústria encolheu 12,3%, puxada pela queda na produção de produtos duráveis ou semiduráve­is, como automóveis e vestuário. O setor de não-duráveis, como alimentos e itens de higiene, por outro lado, contribui para amenizar essa retração.

A agropecuár­ia cresciment­o de 0,4%.

Pelo lado da demanda, a economia também perdeu seu principal eixo de sustentaçã­o, o consumo das famílias (12,5%), que teve sua queda amenizada pela concessão de benefícios do governo como o auxílio emergencia­l a trabalhado­res informais. A redução desses pagamentos nos próximos meses é um dos fatores que deve afetar o ritmo de recuperaçã­o. O consumo do governo caiu 8,8%.

O investimen­to também recuou (-15,4%), enquanto a demanda externa deu uma contribuiç­ão positiva, devido à queda nas importaçõe­s de 13,2%. As vendas ao exterior cresceram 1,8%. registrou

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Sérgio Lima/AFP Ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que retrato divulgado pelo IBGE faz parte de realidade já superada: “Isso é lá atrás. Isso é um impacto de lá atrás. Nós estamos decolando em V”
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