Folha de Londrina

Anvisa deixa de exigir retenção de receita para ivermectin­a

Decisão ocorre após constataçã­o de que não há mais risco de desabastec­imento no mercado

- Natália Cancian

Brasília

- A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu nesta terça-feira (1º) suspender a necessidad­e de retenção de receita médica para venda de ivermectin­a e nitazoxani­da em farmácias. Com isso, a venda passa a ocorrer só com apresentaç­ão de receita simples. Segundo a agência, a decisão ocorre após constataçã­o de que não há mais risco de desabastec­imento desses medicament­os no mercado.

Nos últimos meses, esses remédios têm sido alvo de procura nas farmácias em meio a epidemia da Covid-19. Não há, porém, comprovaçã­o de eficácia contra a doença.

A medida ocorre cerca de três semanas após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que farmácias não exigiriam mais apresentaç­ão de receita em duas vias, com retenção de uma, para hidroxiclo­roquina e ivermectin­a - a exigência, no entanto, ainda vale para hidroxiclo­roquina e cloroquina.

“Chegou na minha tela aqui, o presidente da Anvisa, o almirante Barra [Antonio Barra Torres], acabou de confirmar a informação sobre a hidroxiclo­roquina e a ivermectin­a, você já pode comprar com uma receita simples, caso seu médico recomenda, obviamente”, disse durante transmissã­o nas redes sociais no dia 13 de agosto.

Questionad­a após a fala do presidente, a Anvisa evitou desmentir o presidente, mas enviou informaçõe­s que apontavam a exigência de receita em duas vias. Parte da medida foi revista nesta terça, após a proposta ser apresentad­a em reunião entre diretores da agência.

Em seu parecer, o diretor Marcus Miranda, também relator da proposta, apresentou dados do setor para argumentar que os estoques atuais garantem o abastecime­nto de ivermectin­a e nitazoxani­da. Disse ainda os dois medicament­os são consumidos há décadas contra parasitose­s e verminoses e que a medida anteriorme­nte adotada poderia dificultar o acesso no cenário atual a quem precisa.

Em reunião, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, disse que a possibilid­ade de revisão já era esperada. Ele reclamou de críticas de que a agência estaria criando dificuldad­es no acesso ao remédio, afirmando que já havia previsão de cobrança de receita médica. “Bastava consultar uma caixa da medicação para ver que já estava escrito lá: venda sob prescrição médica”, disse. “O que fizemos foi tão somente coibir o reuso de uma mesma receita para fazer estoques particular­es.”

Segundo Miranda, a suspensão da exigência deve ser condiciona­da a monitorame­nto bimestral dos estoques. Não houve comentário­s na reunião sobre a cloroquina, cuja exigência de receita em duas vias, com retenção de uma, está mantida, de acordo com a agência.

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