Folha de Londrina

Deltan Dallagnol deixa força-tarefa da Lava Jato

Procurador responsáve­l pela força-tarefa no Paraná afirma que desligamen­to se deve a um problema de saúde de sua filha de um ano; ele continuará atuando em outros casos no MPF

- Katna Baran

Procurador da República, que ficou seis anos à frente da coordenado­ria do braço do Ministério Público Federal, em Curitiba, diz que deixa posto para se dedicar a tratamento de saúde da filha

Curitiba

- O procurador Deltan Dallagnol anunciou nessa terça-feira (1º) sua saída da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná. Ele continuará atuando no Ministério Público Federal, mas em outros casos.

Em vídeo, o procurador afirmou que o desligamen­to se deve a um problema de saúde de sua filha de um ano.

Deltan, no entanto, enfrentava um processo de desgaste no cargo e se tornou alvo de ações internas no órgão, além de estar envolvido em um embate com o procurador-geral da República, Augusto Aras.

“Depois de anos de dedicação intensa à Lava Jato, eu acredito que agora é hora de me dedicar de modo especial à minha família [...]. Essa é uma decisão difícil, mas estou muito seguro de que é a decisão certa e a que eu quero tomar como pai”, declarou Deltan.

Segundo o procurador, sua filha apresentou atrasos no desenvolvi­mento e, por recomendaç­ão médica, mesmo antes do diagnóstic­o final, deve iniciar um tratamento com terapias e medicament­os, o que exige acompanham­ento dos pais.

O procurador Alessandro José Fernandes de Oliveira vai assumir as funções de Deltan à frente da Lava Jato. Oliveira já atua na operação, no grupo mantido na PGR (Procurador­ia-Geral da República) em Brasília.

Deltan teve sua atuação na Lava Jato posta em xeque após a divulgação em 2019 de diálogos e documentos obtidos pelo The Intercept Brasil.

Além de ver contestada sua relação com o então juiz Sergio Moro, também enfrentou questionam­entos devido ao plano de negócios de eventos e palestras que montou para lucrar com a fama e contatos obtidos durante as investigaç­ões da Lava Jato.

CONFLITO

Nos últimos meses, Deltan enfrentou o avanço de ações contra ele no Ministério Público e se envolveu em conflito com Aras sobre o sigilo dos dados sob investigaç­ão na força-tarefa em Curitiba. Ele aguardava processos que poderiam afastá-lo da Lava Jato.

Nesta terça, sem citar nomes, Deltan pediu em vídeo que a sociedade continue apoiando a Lava Jato diante da fase decisiva envolvendo os trabalhos do grupo.

“A operação vai continuar fazendo seu trabalho, vai continuar firme, mas decisões que estão sendo tomadas e que serão tomadas em Brasília, afetarão os seus trabalhos”, disse.

Criada em 2014, a força-tarefa da Lava Jato no Paraná já teve a estrutura prorrogada por sete vezes e aguarda nova autorizaçã­o de Augusto Aras para manutenção dos trabalhos. O prazo de encerramen­to das atividades do grupo expira no próximo dia 10 de setembro.

Em nota, o MPF do Paraná elogiou o trabalho do procurador à frente da Lava Jato. “Por todo esse período, enquanto coordenado­r dos trabalhos, Deltan desempenho­u com retidão, denodo, esmero e abnegação suas funções, reunindo raras qualidades técnicas e pessoais”, diz a nota do órgão.

MORO

Pelo Twitter, o ex-juiz Sergio Moro parabenizo­u Deltan e disse esperar que o trabalho da forçataref­a possa prosseguir. “Parabenizo o Procurador Deltan Dallagnol pela dedicação à frente da

Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, trabalho que alcançou resultados sem paralelo no combate à corrupção no País. Apesar de sua saída por motivos pessoais, espero que o trabalho da FT possa prosseguir”, escreveu.

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Pedro Ladeira/Folhapress
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Rodolfo Buhrer/La Imagem/Fotoarena/Folhapress Deltan vem enfrentand­o processo de desgaste no cargo e se envolveu em um embate com atual procurador-geral da República

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