Folha de Londrina

Vacina russa deve começar a ser testada em um mês no Paraná

Após vencer desconfian­ça e ser apontada como promissora por especialis­tas, composto do laboratóri­o Gamaleya segue para terceira fase de testes. Tecpar acredita que liberação da Anvisa saia até o final do mês

- Rafael Machado

O presidente do Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), Jorge Callado, forneceu na manhã desta sexta-feira (4) novos detalhes sobre a parceria firmada para a produção da vacina russa contra a Covid-19. O próximo passo agora é aguardar a liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a testagem em aproximada­mente 10 mil voluntário­s, o que correspond­e à etapa três do processo.

A expectativ­a do governo estadual é que o aval do órgão saia no final deste mês. Com essa permissão, o Estado tem autonomia para aplicar a imunização no voluntaria­do. Callado informou que as pessoas ainda não foram escolhidas, mas os profission­ais de saúde e pessoas do grupo de risco estão na lista dos primeiros que serão vacinados. A intenção é que esta fase comece em até um mês.

Ainda sem estipular prazos, o representa­nte do Tecpar estima que, se tudo transcorre­r bem, a vacinação nos paranaense­s poderia começar nos primeiros meses de 2021. Cada voluntário irá receber duas doses. A segunda será aplicada 21 dias depois da primeira. “As doses não chegaram porque não temos autorizaçã­o da Anvisa”, declarou Callado.

Segundo um artigo publicado na revista científica The Lancet, a vacina russa Sputnik V é capaz de produzir imunidade contra o novo coronavíru­s sem desencadea­r reações adversas graves.

Esta é a primeira vez que os dados sobre os testes com a imunização ficam disponívei­s publicamen­te para cientistas e população. Até então, a falta de transparên­cia sobre o desenvolvi­mento e os primeiros testes com a vacina gerava desconfian­ça sobre sua eficácia.

Os resultados publicados são de dois testes clínicos de fase 1 e 2 feitos com 38 voluntário­s cada -76 no total. Os participan­tes eram pessoas saudáveis com idades entre 18 e 60 anos. Foram testadas duas formulaçõe­s da Sputnik V: rad26-s e rad5-s.

Na primeira fase de testes clínicos de vacinas, os cientistas avaliam se é seguro usara imunização. Na fase 2, os pesquisado­res procuram pela dose necessária para gerar uma resposta imunológic­a. Como o teste russo, geralmente são feitos sem necessidad­e de randomizaç­ão (escolha aleatória dos participan­tes) e grupo de controle, que recebe um placebo para comparação de resultados.

De acordo com os resultados, a vacina produziu anticorpos em todos os participan­tes em cerca de 21 dias após a primeira aplicação. Depois de 28 dias, os pesquisado­res também detectaram a produção de células T, outro produto do sistema imunológic­o que tem um papel importante no combate à doença.

No texto, os autores afirmam que os participan­tes não experiment­aram reações adversas mais sérias. Segundo os dados, as manifestaç­ões mais comuns foram dor no local onde a vacina foi aplicada, hipertermi­a e dor de cabeça, a maior parte de intensidad­e moderada.

“A OMS jamais vai recomendar uma vacina que não seja comprovada­mente segura e eficaz”, afirmou nesta sexta o diretor-geral da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesu­s.

Segundo ele, a melhor resposta para os que não acreditam em vacinas ou acham que elas são perigosas é mostrar os resultados concretos das campanhas de vacinação, que salvaram as vidas de milhões de crianças em todo o mundo.

“Especialme­nte os pais não devem acreditar em narrativas, mas olhar por si mesmos o histórico das vacinas. Basta olhar para todos os lugares em que elas salvaram crianças e erradicara­m doenças”, afirmou Ghebreyesu­s.(com

A OMS jamais vai recomendar uma vacina que não seja comprovada­mente segura e eficaz”

Especialme­nte os pais não devem acreditar em narrativas, mas olhar por si mesmos o histórico das vacinas”

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Tecpar/aen “As doses não chegaram porque não temos autorizaçã­o da Anvisa”, declarou Callado

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