Novo chefe da Lava Jato em Curitiba avalia futuros desafios da força-tarefa
Brasília - Novo coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, o procurador Alessandro José Fernandes de Oliveira, 45, afirma que eventual diminuição no tempo de duração e na quantidade de procuradores do grupo poderá trazer prejuízo às investigações.
Em entrevista por escrito, ele disse que seus esforços têm sido para que o procurador-geral da República, Augusto Aras, que decidirá a respeito nos próximos dias, até aumente a estrutura.
“Entendemos que a redução do tempo de nomeação, ou a redução do número de integrantes, poderia trazer impactos negativos aos rumos da operação”, afirma Oliveira.
Procurador experiente na área criminal, que já integrava o grupo da Lava Jato na PGR (Procuradoria-geral da República), ele assume as funções de Deltan Dallagnol, que anunciou seu afastamento na terça (1º). Sob pressão, o ex-chefe da operação disse que deixou a função para se dedicar mais a um tratamento de saúde de sua filha.
O novo coordenador acredita que os crimes descobertos em Curitiba “apontam para possibilidades investigativas em progressão geométrica” e que não é possível prever o fim da força-tarefa.
Ele defende a revisão, pelo plenário do Supremo, de decisões como a tomada recentemente pela Segunda Turma da corte, autorizando delatados a questionarem o teor de colaborações premiadas.
“Esperamos que o posicionamento seja revertido, senão precisaremos verificar como dar cumprimento às decisões nesse sentido.”
PERGUNTA - Haverá alguma mudança de rumos no trabalho feito pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba?
ALESSANDRO JOSÉ FERNANDES DE OLIVEIRA - Não, absolutamente. O modelo implantado a partir do paradigma Lava Jato veio para ficar, pois demonstrou ser eficiente aos seus propósitos, vale dizer, para o efetivo combate à criminalidade organizada de colarinho branco.
Quais são suas prioridades na função de coordenador?
AJFO - Manter as conquistas e evoluir. O atual momento indica uma série de posturas que, em sua totalidade, são limitadoras do alcance das medidas adotadas no âmbito da operação. Assim, manter as conquistas é o primeiro dos objetivos. Sendo possível, os esforços serão no sentido de ampliar ainda mais essas conquistas, nos diversos âmbitos de possibilidades.
Há a perspectiva de que o procurador-geral da República, Augusto Aras, encurte o tempo de duração da forçatarefa e diminua o número de seus integrantes. Qual seria o impacto disso?
AJFO - Difícil prever. Estamos envidando esforços para que isso não aconteça, entendemos que a redução do tempo de nomeação, ou redução do número de integrantes poderia trazer impactos negativos aos rumos da operação.