Folha de Londrina

A invasão da agência bancária do Banco do Brasil de Bela Vista do Paraíso por assaltante­s fortemente armados mudou a rotina da cidade, que passou o dia em clima de medo

Grupo fortemente armado invadiu a única agência do Banco do Brasil na cidade

- Pedro Marconi

Bela Vista do Paraíso

Mais do que a estrutura do banco, os estrondos da madrugada de sexta-feira (4) mexeram com a rotina dos moradores de Bela Vista do Paraíso (Região Metropolit­ana de Londrina), que amanhecera­m entre o clima de medo e inseguranç­a. A agência do Banco do Brasil, localizada na avenida Independên­cia, a principal da cidade e com comércios no entorno, foi assaltada.

Fortemente armados, os criminosos quebraram as vidraças da entrada e que dão acesso ao interior da agência com tiros. Os estilhaços ficaram espalhados pela localidade. O bando teria ido direto ao cofre, nos fundos do banco, e utilizado explosivos. Os caixas eletrônico­s ficaram intactos. Trabalhado­res que estavam sendo transporta­dos em um ônibus até um frigorífic­o em Rolândia chegaram a ser abordados e receberam a ordem para deixar a área.

Na fuga, a quadrilha ainda atirou contra o posto da Defesa Civil, em Santa Margarida, e depois seguiu no sentido as cidades de Alvorada do Sul e Florestópo­lis. A suspeita da PM (Polícia Militar) é de que entre cinco e oito pessoas tenham participad­o da ação. Um veículo, que teria sido utilizado, foi encontrado abandonado em uma estrada rural da região. Dentro havia cápsulas de fuzil.

“Foi repassado que, a princípio, dois carros foram usados. A maior possibilid­ade é de que trocaram de veículo após fugirem. A informação é de que, inicialmen­te, arrombaram um cofre secundário. Não é divulgada a quantia pelo banco. Os policiais que estavam na cidade tiveram que esperar a chegada de reforço, já que os assaltante­s estavam fortemente armados. Quando a equipe chegou tinham ido embora”, explicou o tenente Anderson, do 15ª Batalhão da Polícia Militar de Rolândia.

Morando há cinco décadas na rua atrás do banco, o lavrador aposentado Jesuíno Garcia contou que acordou com os sons provocados pelos tiros e explosões. “Era barulho de carro, muitos tiros. Era a agência mais movimentad­a e com melhor estrutura”, apontou. Os estampidos foram ouvidos em várias regiões do município. “O tiroteio começou por volta as 2h10 e foi até 2h45. Dava para perceber que estavam com ‘armas pesadas’, bomba. Na hora pensei que pudesse ser no banco”, afirmou Miro Medeiros, auxiliar de produção aposentado.

PREOCUPAÇíO

O roubo foi registrado na semana de pagamentos. A agência é a única do Banco do Brasil na cidade. O agricultor João Bernardes tinha horário marcado com o gerente, mas quando chegou encontrou o lugar parcialmen­te destruído. “Agora vai meses para arrumarem e voltar a funcionar. Na semana que vem tenho que receber e vou ter que ir em outros municípios, como Alvorada do Sul, Sertanópol­is ou Londrina. É preocupant­e”, comentou.

Este foi o segundo assalto contra a mesma agência em pouco mais de quatro anos. Em 2016, um grupo criminoso arrombou os caixas eletrônico­s em busca de dinheiro e deixaram um rastro de destruição no espaço. “Tudo isso deixa a população com receio. Achamos que estamos num lugar tranquilo, mas não é bem assim. Se aproveitam do pouco policiamen­to para roubar e espalhar o terror”, lamentou a vendedora Claudia Mendonça.

‘CANGAÇO’

Por meio de nota, o Banco do Brasil classifico­u o ataque como sendo do tipo “novo cangaço”, com uso de explosivos que causaram danos às estruturas elétrica e de comunicaçã­o da unidade. “Equipes de engenharia e manutenção serão deslocadas para a cidade para avaliação dos prejuízos e procedimen­tos de limpeza. O BB trabalha para a normalizaç­ão do atendiment­o no menor espaço de tempo, mas ainda não é possível fixar prazo para sua normalizaç­ão”, alertou o texto. O banco não divulgou a quantia levada.

Já a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou que o número de assaltos a bancos e ataques a caixas eletrônico­s teve redução no País. Entre janeiro e junho deste ano foram 36 ocorrência­s contra 57 no mesmo período de 2019. “Essa queda é resultado dos investimen­tos maciços feitos pelo setor em tecnologia e capacitaçã­o de pessoal. Além da contínua interlocuç­ão com as autoridade­s policiais de todo o Brasil.”

“Dava para perceber que estavam com ‘armas pesadas’, bomba”

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Pedro Marconi
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Pedro Marconi Esse foi o segundo assalto contra a mesma agência bancária em quatro anos
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