Folha de Londrina

Paraná prepara rede de vacinação; Manaus agoniza sem oxigênio

Com o veto, Bolsonaro corre o risco de assistir ao início da vacinação com a Coronovac

- Ricardo Della Coletta, Gustavo Uribe e Natália Cancian

Enquanto o Governo do Paraná anuncia que vai empregar sua frota aérea para dar agilidade à distribuiç­ão de doses de vacinas contra a Covid-19 para o interior, no Amazonas, aeronaves são usadas para transferir pacientes para outros estados. Sistema de Saúde de Manaus vive colapso e doentes morrem por falta de oxigênio. Paraná oferece 25 vagas de UTI Neonatal na Região Metropolit­ana de Curitiba

Brasília - O governo da Índia negou a entrega imediata de um lote de imunizante­s da Oxford/astrazenec­a ao Brasil, o que frustrou uma operação montada para buscar o material na Índia ainda neste fim de semana e deve resultar numa derrota política para o Palácio do Planalto.

Com o veto da Índia, o presidente Jair Bolsonaro corre o risco de assistir ao início da vacinação no Brasil com a Coronovac, que vem sido utilizada como trunfo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Na noite de quinta (14), o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ligou para o chanceler da Índia, Subrahmany­am Jaishankar, e fez um último apelo pela liberação de 2 milhões de vacinas produzidas pelo Serum Institute.

O lote seria um adiantamen­to do imunizante que posteriorm­ente será produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e que é a grande aposta do governo Bolsonaro na “guerra da vacina” travada com Doria. No entanto, Araújo ouviu de seu homólogo que a situação só seria resolvida “nos próximos dias”, o que foi entendido no Itamaraty como uma sinalizaçã­o de que não haverá liberação no prazo desejado pelo Brasil. Não houve compromiss­o com uma data específica.

O argumento do país asiático é que não é possível autorizar a transação enquanto não começar a campanha de vacinação na sua própria população. A comunicaçã­o com o indiano frustrou os planos de Bolsonaro de enviar um avião Índia buscar a carga. A aeronave da Azul Linhas Aéreas está no Recife (PE) pronta para decolar, mas permanecer­á em solo enquanto não houver luz verde de Nova Délhi.

O governo prometia a partida para a noite desta sexta (15), com retorno previsto para o domingo (17). Em entrevista à rede Bandeirant­es, Bolsonaro admitiu que a operação Índia seria atrasada. “Foi tudo acertado para disponibil­izar 2 milhões de doses [da vacina Oxford/astrazenec­a]. Só que hoje, neste exato momento, está começando a vacinação na Índia, um país de 1,3 bilhão de habitantes. Então resolveu-se aí, não foi decisão nossa, atrasar um ou dois dias até que o povo comece a ser vacinado lá, porque lá também tem pressões políticas de um lado e de outro. Isso daí, no meu entender, daqui dois, três dias no máximo nosso avião vai partir e vai trazer essas 2 milhões de vacinas para cá”, afirmou o presidente.

Com isso, o Ministério da Saúde enviou nesta sexta-feira (15) ofício ao Butantan requisitan­do 6 milhões de doses do Coronavac. “Ressaltamo­s a urgência na imediata entrega do quantitati­vo contratado e acima mencionado, tendo em vista que este Ministério precisa fazer o devido loteamento para iniciar a logística de distribuiç­ão para todos os estados da federação de maneira simultânea e equitativa, conforme cronograma previsto no Plano Nacional de Operaciona­lização da vacinação contra a Covid-19”, diz a nota enviada ao instituto.

O governo do Paraná apresentou, nesta sexta-feira, parte da estrutura logística que será usada na distribuiç­ão das vacinas contra a Covid-19 no Paraná. Três aviões e um helicópter­o serão incorporad­os à frota de caminhões para agilizar o transporte do imunizante para as 22 Regionais de Saúde. A intenção é garantir a aplicação da vacina nos paranaense­s o mais rapidament­e possível.

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Ana Leal/ofotográfi­co/folhapress Avião está preparado para buscar doses quando houver autorizaçã­o do governo da Índia

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