Paraná prepara rede de vacinação; Manaus agoniza sem oxigênio
Com o veto, Bolsonaro corre o risco de assistir ao início da vacinação com a Coronovac
Enquanto o Governo do Paraná anuncia que vai empregar sua frota aérea para dar agilidade à distribuição de doses de vacinas contra a Covid-19 para o interior, no Amazonas, aeronaves são usadas para transferir pacientes para outros estados. Sistema de Saúde de Manaus vive colapso e doentes morrem por falta de oxigênio. Paraná oferece 25 vagas de UTI Neonatal na Região Metropolitana de Curitiba
Brasília - O governo da Índia negou a entrega imediata de um lote de imunizantes da Oxford/astrazeneca ao Brasil, o que frustrou uma operação montada para buscar o material na Índia ainda neste fim de semana e deve resultar numa derrota política para o Palácio do Planalto.
Com o veto da Índia, o presidente Jair Bolsonaro corre o risco de assistir ao início da vacinação no Brasil com a Coronovac, que vem sido utilizada como trunfo do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Na noite de quinta (14), o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ligou para o chanceler da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, e fez um último apelo pela liberação de 2 milhões de vacinas produzidas pelo Serum Institute.
O lote seria um adiantamento do imunizante que posteriormente será produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e que é a grande aposta do governo Bolsonaro na “guerra da vacina” travada com Doria. No entanto, Araújo ouviu de seu homólogo que a situação só seria resolvida “nos próximos dias”, o que foi entendido no Itamaraty como uma sinalização de que não haverá liberação no prazo desejado pelo Brasil. Não houve compromisso com uma data específica.
O argumento do país asiático é que não é possível autorizar a transação enquanto não começar a campanha de vacinação na sua própria população. A comunicação com o indiano frustrou os planos de Bolsonaro de enviar um avião Índia buscar a carga. A aeronave da Azul Linhas Aéreas está no Recife (PE) pronta para decolar, mas permanecerá em solo enquanto não houver luz verde de Nova Délhi.
O governo prometia a partida para a noite desta sexta (15), com retorno previsto para o domingo (17). Em entrevista à rede Bandeirantes, Bolsonaro admitiu que a operação Índia seria atrasada. “Foi tudo acertado para disponibilizar 2 milhões de doses [da vacina Oxford/astrazeneca]. Só que hoje, neste exato momento, está começando a vacinação na Índia, um país de 1,3 bilhão de habitantes. Então resolveu-se aí, não foi decisão nossa, atrasar um ou dois dias até que o povo comece a ser vacinado lá, porque lá também tem pressões políticas de um lado e de outro. Isso daí, no meu entender, daqui dois, três dias no máximo nosso avião vai partir e vai trazer essas 2 milhões de vacinas para cá”, afirmou o presidente.
Com isso, o Ministério da Saúde enviou nesta sexta-feira (15) ofício ao Butantan requisitando 6 milhões de doses do Coronavac. “Ressaltamos a urgência na imediata entrega do quantitativo contratado e acima mencionado, tendo em vista que este Ministério precisa fazer o devido loteamento para iniciar a logística de distribuição para todos os estados da federação de maneira simultânea e equitativa, conforme cronograma previsto no Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra a Covid-19”, diz a nota enviada ao instituto.
O governo do Paraná apresentou, nesta sexta-feira, parte da estrutura logística que será usada na distribuição das vacinas contra a Covid-19 no Paraná. Três aviões e um helicóptero serão incorporados à frota de caminhões para agilizar o transporte do imunizante para as 22 Regionais de Saúde. A intenção é garantir a aplicação da vacina nos paranaenses o mais rapidamente possível.