A agonia de Manaus
“O Amazonas pede socorro e o Brasil precisar ouvir esse grito”. A frase do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, divulgada em nota à imprensa na sexta-feira (15) resume o que deveria permear os sentimentos de todos os brasileiros em relação à agonia vivida pelo maior estado do País em extensão territorial e sua capital. As cenas de pessoas morrendo por falta de oxigênio em hospitais expõe uma incompetência generalizada das autoridades e a falência da gerência do sistema de saúde em todo o nosso território.
E o que torna o drama dos amazonenses e manauaras ainda mais revoltante – retratado em depoimentos contundentes e comoventes em relatos obtidos pela FOLHA na edição deste final de semana - é a constatação de que a situação já era prevista e, portanto, evitável. É só nos lembrarmos que Manaus foi uma das cidades mais afetadas pela Covid-19 na “primeira onda” (e que nunca acabou) da pandemia, quando mortos pela doença tiveram de ser enterrados em valas coletivas.
As UTIS da capital amazonense ultrapassaram os 85% de capacidade já em dezembro do ano passado, com novo aumento das contaminações. E quando houve o fim do “lockdown”, decidido em um período em que se supunha que o pior da pandemia havia passado, políticos que alimentam a guerra ideológica nas redes sociais comemoraram.
Foi preciso assistirmos a cenas degradantes de pessoas morrendo por falta de ar para que houvesse movimentos apartidários de mobilização no intuito de promover o socorro da compra de cilindros de oxigênio para os hospitais do Amazonas. Mesmo a classe política tem pecado pela letargia – agora é que alas do Congresso discutem um possível encerramento do recesso parlamentar para discutir e aprovar medidas urgentes a fim de socorrer os amazonenses. E ainda assim sem consenso. De nada vale também ouvir o presidente da República que foi feito o possível para evitar o drama. Não foi.
E agora que a vacina está prestes a chegar, o que se espera é que a sociedade aprenda as lições trazidas pela pandemia. Temos muito a evoluir ainda como nação.
A FOLHA agradece a sua preferência