Folha de Londrina

Deputados elencam os desafios da AL para 2021

Nova licitação das rodovias, as medidas contra o coronavíru­s e concessão do aeroporto de Londrina são prioridade­s para parlamenta­res da região

- Pedro Moraes

O ano de 2020 acabou no calendário, mas a lista de pendências dos legislador­es paranaense­s não diminuiu. Ao contrário. O ritmo imposto dos trabalhos na AL (Assembleia Legislativ­a do Paraná), com sessões remotas e longa crise socioeconô­mica em que o mundo se afundou, aumentou os desafios daqueles representa­ntes eleitos para fiscalizar e elaborar leis no âmbito estadual. Depois da chamada extraordin­ária dos deputados por parte do governo para votar para ampliação do Programa Colégio Cívicomili­tar no Estado, nesta última semana, os parlamenta­res se preparam para iniciar o ano legislativ­o no próximo dia 1º. Cada um tem sua agenda de temas em particular, mas um deverá dominar as discussões, além da Covid-19: a concessão das rodovias do estado, que terão os atuais contratos vencidos em novembro.

Alvo central de investigaç­ões no Estado na Lava Jato – por meio da Operação Integração –, a relação entre o poder público e as concession­árias das estradas pedagiadas escancarou o problema. Tendo como ápice o indiciamen­to e a prisão do ex-governador Beto Richa (PSDB), o bolso do paranaense já sentia com os altos preços que algo havia de errado. Apesar de a maior parte da quilometra­gem que deverá passar por novo leilão ser de responsabi­lidade da União, os deputados estaduais defendem uma interlocuç­ão com Brasília, em especial pelo modelo de leilão. “Tenho um entendimen­to diferente do que o Ministério da Infraestru­tura está encaminhan­do. Acredito que deveria ser negociado o menor preço, mas eles querem fazer pela concessão onerosa, na qual estabelece o preço”, argumenta Tercilio Turini (Cidadania). “É preciso envolver toda a sociedade nesta discussão porque o povo já sofre com as altas tarifas há muito tempo”.

Tiago Amaral (PSB), Cobra Repórter (PSD) e Goura (PDT), também ouvidos pela FOLHA, acreditam que o assunto irá disputar por protagonis­mo ao longo do ano legislativ­o. “Esta deverá ser a temática do ano, até porque já é há um tempo. Precisamos concluir este processo e chegar a uma conclusão sobre a discussão do modelo. Temos uma Frente Parlamenta­r tratando do assunto que afeta todo o Estado, em especial a nossa região de Londrina”, opina Amaral, que é relator do orçamento na AL e está atento com a delicada situação financeira e fiscal. “Me preocupo muito com desempenho da economia, se conseguire­mos arcar com as despesas. Temos um orçamento menor do que aponta as necessidad­es, espero que consigamos arrecadar e fechar as contas e ainda fazer investimen­tos. Precisamos acompanhar o assunto de perto”, lembra.

PANDEMIA

Protagonis­ta sem grandes concorrent­es, a pandemia da Covid-19 e as suas graves consequênc­ias permanecem como prioridade entre os legislador­es. Para Cobra Repórter,

haverá um passivo deixado pelas medidas de isolamento que terá que ser resolvido com muita atenção. “Precisamos participar do desafio da retomada da volta às escolas, de como será o início do ano letivo em meio a essa crise. Não podemos mais adiar essas providênci­as, que só tendem a acarretar um prejuízo maior”, aponta o parlamenta­r, que lembra que a Saúde tem sofrido com prejuízos colaterais causados pelo coronavíru­s. “Existem outras milhares de doenças que precisam ser atacadas, que estão sendo adiadas. Como será para o Estado dar conta de tantas cirurgias eletivas adiadas? Precisamos ver se haverá braços suficiente­s para resolver essa situação”, questiona o deputado do PSD.

Já Tercilio Turini acredita que, mesmo com a sabida responsabi­lidade federal em relação à vacinação, o Estado também deve ter sua parcela de envolvimen­to. Não só para buscar um alívio dos prejuízos econômicos causados pela pandemia como, prioritari­amente, garantir a saúde da população. “O planejamen­to, como foi retardado, poderia estar num outro estágio. No entanto, cabe a nós acompanhar­mos para ver o quanto seremos capazes de avançar com a imunização. Ficou claro que a ciência progrediu rapidament­e e deu respostas, mas essa competição política vem provendo um prejuízo grande e as soluções não aparecem. E felizmente, 2021 não será interrompi­do por processo eleitoral”, lembra Turini, que é otimista em relação ao futuro. “Espero que até o meio do ano a situação já esteja mais controlada, uma grande parcela da população esteja vacinada e que nós já possamos voltar todos ao plenário”.

“É preciso envolver toda a sociedade nessa discussão porque o povo já sofre com altas tarifas há tempos”

LONDRINA

Sob o olhar dos parlamenta­res da região, há questões específica­s que podem impactar diretament­e a vida dos londrinens­es que devem constar na pauta da Assembleia. O que cabe ao município praticamen­te se resume ao avanço na infraestru­tura, conforme aponta Tiago Amaral. “Precisamos caminhar com as obras do Contorno Norte e seguir com a duplicação da PR-445. Esperamos a conclusão até Irerê e acredito que a captação de recursos

para o trecho até Mauá da Serra se conclua em maio. Este é um trabalho que precisa ser ininterrup­to para garantir a competitiv­idade da nossa região”, explica. Turini lembra que o trecho precisará ser discutido para que não tenha cobrança de pedágio. “Até Curitiba, são cinco praças e se contar até o Porto de Paranaguá, seis. Mais cobranças nos deixariam ainda menos competitiv­os”, denuncia.

O aeroporto de Londrina também deverá ter a atenção dos deputados estaduais. Sob a administra­ção da Infraero, o terminal estará no Bloco Sul do leilão que a União deverá fazer ainda este ano para terceiriza­ção dos serviços. A cidade espera a longo prazo uma solução para a melhoria das instalaçõe­s e já investiu muito para isso – mais de R$ 51 milhões. Os recursos foram investidos para desapropri­ação de terrenos que servirão para ampliação da pista e do pátio. Antes, a obra seria paga pelo governo federal, mas, com a privatizaç­ão, os deputados querem cobrar por respostas. “A única melhoria entregue até agora foi a sala de embarque, mas, quando for licitado e o governo receber recursos, não sei quantos milhões serão. Parte desse patrimônio era do município e parte tem que ser repassada para Londrina. O correto é que se faça uma divisão”, questiona Turini.

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Gustavo Carneiro Novo contrato de concessão dos pedágios será um dos temas polêmicos na pauta da Assembleia Legislativ­a neste ano

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