Crise em Manaus eleva pressão por volta do Congresso, e centrão resiste
Com falta de oxigênio para pacientes em tratamento contra coronavírus na capital do AM, Maia pressiona pela convocação do Poder Legislativo durante o período de recesso
Brasília
- A crise de saúde em Manaus deflagrou uma nova queda de braço entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Com a falta de oxigênio para pacientes em tratamento contra o coronavírus, Maia pressionou na sexta-feira (15) pela convocação do Poder Legislativo durante o período de recesso.
O bloco do centrão, alinhado ao Palácio do Planalto, no entanto, é contra à iniciativa e considera que ela se trata de um proselitismo político.
O argumento de líderes das siglas que apoiam o deputado federal Arthur Lira (PPAL), candidato de Bolsonaro ao comando da Câmara, é de que não há projetos a serem votados no momento que possam amenizar a crise sanitária em Manaus.
Eles lembram que o governo federal não enviou nenhuma matéria para análise e que o governo estadual também não solicitou a apresentação de nenhum pedido. Além disso, apontam que não há recursos disponíveis, já que o Orçamento ainda não foi votado.
“Está na hora de todas as forças se unirem para salvar vidas. É fundamental - como defendi em dezembro com outros parlamentares - que o Congresso retome suas atividades na semana que vem”, escreveu Maia nas redes sociais na manhã de sexta-feira (15).
A capital do Amazonas vive um cenário de recorde de hospitalizações por Covid-19 e falta de oxigênio nos hospitais. O insumo faltou em diversos hospitais da rede pública na quinta (14), resultando na morte de pacientes por falta de oxigenação, segundo relato de médicos.
“A falta de oxigênio em Manaus, o atraso na vacina, a falta de coordenação com estados e municípios são resultados da agenda negacionista que muitas lideranças promovem”, argumentou Maia, em uma crítica indireta a Bolsonaro.
Os líderes do centrão dizem que um retorno seria justificável apenas se Maia apresentasse uma solução orçamentária. Eles lembram que não há como aprovar, neste momento, o Orçamento para este ano sem que a CMO (Comissão Mista do Orçamento) seja instalada, o que não há acordo.
E ressaltam que votar uma matéria em plenário exigiria consenso entre deputados e senadores, o que, acreditam, dificilmente seria viabilizado. Nas palavras de um aliado de Lira, não há como fazer uma intervenção em Manaus se não há recursos disponíveis.
Em linha semelhante a de Maia, o deputado federal Fabio Ramalho (MDB-MG), candidato avulso ao comando da Câmara, também defende uma convocação. Ele enviou ofício ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), solicitando a medida.
PSOL LANÇA ERUNDINA
Após reunião da executiva nacional na sexta-feira (15), o PSOL decidiu lançar a candidatura da deputada Luiza Erundina (SP) para concorrer à presidência da Câmara.
A bancada do partido na Casa tem 10 parlamentares e se dividiu em relação à disputa. Em reunião na quarta (13), cinco deputados defenderam apoiar o candidato Baleia Rossi (MDB-SP), ligado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e outros cinco preferiram uma candidatura própria.
Em resolução divulgada após o encontro, o partido ressaltou que se a parlamentar não chegar no segundo turno, “orienta o voto da bancada do PSOL no candidato que representar uma alternativa àquele apoiado pelo governo Jair Bolsonaro”.