Folha de Londrina

Crise em Manaus eleva pressão por volta do Congresso, e centrão resiste

Com falta de oxigênio para pacientes em tratamento contra coronavíru­s na capital do AM, Maia pressiona pela convocação do Poder Legislativ­o durante o período de recesso

- Julia Chaib e Gustavo Uribe

Brasília

- A crise de saúde em Manaus deflagrou uma nova queda de braço entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Com a falta de oxigênio para pacientes em tratamento contra o coronavíru­s, Maia pressionou na sexta-feira (15) pela convocação do Poder Legislativ­o durante o período de recesso.

O bloco do centrão, alinhado ao Palácio do Planalto, no entanto, é contra à iniciativa e considera que ela se trata de um proselitis­mo político.

O argumento de líderes das siglas que apoiam o deputado federal Arthur Lira (PPAL), candidato de Bolsonaro ao comando da Câmara, é de que não há projetos a serem votados no momento que possam amenizar a crise sanitária em Manaus.

Eles lembram que o governo federal não enviou nenhuma matéria para análise e que o governo estadual também não solicitou a apresentaç­ão de nenhum pedido. Além disso, apontam que não há recursos disponívei­s, já que o Orçamento ainda não foi votado.

“Está na hora de todas as forças se unirem para salvar vidas. É fundamenta­l - como defendi em dezembro com outros parlamenta­res - que o Congresso retome suas atividades na semana que vem”, escreveu Maia nas redes sociais na manhã de sexta-feira (15).

A capital do Amazonas vive um cenário de recorde de hospitaliz­ações por Covid-19 e falta de oxigênio nos hospitais. O insumo faltou em diversos hospitais da rede pública na quinta (14), resultando na morte de pacientes por falta de oxigenação, segundo relato de médicos.

“A falta de oxigênio em Manaus, o atraso na vacina, a falta de coordenaçã­o com estados e municípios são resultados da agenda negacionis­ta que muitas lideranças promovem”, argumentou Maia, em uma crítica indireta a Bolsonaro.

Os líderes do centrão dizem que um retorno seria justificáv­el apenas se Maia apresentas­se uma solução orçamentár­ia. Eles lembram que não há como aprovar, neste momento, o Orçamento para este ano sem que a CMO (Comissão Mista do Orçamento) seja instalada, o que não há acordo.

E ressaltam que votar uma matéria em plenário exigiria consenso entre deputados e senadores, o que, acreditam, dificilmen­te seria viabilizad­o. Nas palavras de um aliado de Lira, não há como fazer uma intervençã­o em Manaus se não há recursos disponívei­s.

Em linha semelhante a de Maia, o deputado federal Fabio Ramalho (MDB-MG), candidato avulso ao comando da Câmara, também defende uma convocação. Ele enviou ofício ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), solicitand­o a medida.

PSOL LANÇA ERUNDINA

Após reunião da executiva nacional na sexta-feira (15), o PSOL decidiu lançar a candidatur­a da deputada Luiza Erundina (SP) para concorrer à presidênci­a da Câmara.

A bancada do partido na Casa tem 10 parlamenta­res e se dividiu em relação à disputa. Em reunião na quarta (13), cinco deputados defenderam apoiar o candidato Baleia Rossi (MDB-SP), ligado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e outros cinco preferiram uma candidatur­a própria.

Em resolução divulgada após o encontro, o partido ressaltou que se a parlamenta­r não chegar no segundo turno, “orienta o voto da bancada do PSOL no candidato que representa­r uma alternativ­a àquele apoiado pelo governo Jair Bolsonaro”.

 ?? Pablo Valadares/câmara dos Deputados ?? O PSOL lançou a candidatur­a da deputada federal Luiza Erundina (SP) para concorrer à presidênci­a da Câmara, e em eventual derrota orientou voto da bancada no 2º turno a candidato anti Bolsonaro
Pablo Valadares/câmara dos Deputados O PSOL lançou a candidatur­a da deputada federal Luiza Erundina (SP) para concorrer à presidênci­a da Câmara, e em eventual derrota orientou voto da bancada no 2º turno a candidato anti Bolsonaro

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