Folha de Londrina

Ministério da Saúde opta por transferir pacientes menos graves de Manaus

Capital do Amazonas enfrenta colapso no atendiment­o a doentes de Covid por conta da falta de estoque de oxigênio

- Vinicius Sassine e Pedro Ladeira

Brasília - Sem UTIS aéreas, o Ministério da Saúde só está transferin­do pacientes de Manaus que não estejam em um leito de terapia intensiva, que não venham a precisar desse serviço e que não tenham desenvolvi­do um aparente agravament­o da saúde dos pulmões.

Por outro lado, familiares de pacientes com dinheiro para pagar pelo serviço fazem fila por uma UTI aérea privada. Em algumas empresas, já existem agendament­os de transporte­s de pessoas com Covid-19 até domingo (17), partindo da capital do Amazonas.

Manaus vive mais uma crise aguda na pandemia. Desta vez, a razão da crise é a falta de oxigênio. A segunda onda de infecção na cidade fez repetirem as cenas da primeira, ainda no começo da pandemia.

Quem tem dinheiro paga pelo transporte em um jatinho privado equipado com UTI aérea. Quem não tem fica na rede pública da cidade, colapsada por falta de oxigênio, ou embarca em voos do governo para buscar tratamento em outras capitais, desde que não seja grave o estado de saúde.

O cenário descrito em empresas de transporte aéreo é de caos, com agendament­os sendo feitos com 48 horas de antecedênc­ia. Os voos das aeronaves que contam com esse serviço estão concentrad­os para atender clientes da capital do Amazonas.

A reportagem registrou um desses transporte­s. O jatinho pousouembr­asília,oriundode Manaus, com um paciente intubado, que enfrenta a Covid-19. O deslocamen­to até um hospital na capital federal prosseguiu com uma ambulância que tem o serviço de UTI móvel.

Já as transferên­cias de pacientes a cargo do governo federal só serão feitas se não houver a necessidad­e de uma UTI, diante da complexida­de do transporte. A reportagem apurou a informação com técnicos do governo envolvidos na operação e confirmou com o Ministério da Saúde.

“Não haverá uso de UTI aérea porque, ao menos para esta fase daação,ostraslado­sserãocom doentes que não se encontram em estado grave”, afirmou a pasta, por meio da assessoria de imprensa.

Os primeiros transporte­s a um hospital universitá­rio federal foram feitos na manhã desta sexta-feira (15). Inicialmen­te, iriam embarcar a Teresina 11 pacientes de Manaus. Dois não tinham condições clínicas para voar, e a aeronave seguiu com nove.

A capital do Piauí deveria receber mais 15 pacientes ainda nesta sexta. O destino dos próximos voos deveria ser São Luís, com 40 pessoas em dois voos. Também estavam previstos deslocamen­tos de 20 pacientes a Brasíliae2­0agoiânia,semprea hospitais universitá­rios federais.

As reservas feitas nesses hospitais são de leitos de enfermaria, partindo-se do princípio de que o estado clínico dos pacientes não demandará um leito de UTI. O propósito é garantir suprimento de oxigênio e retirar a pressão por oxigênio nos hospitais de Manaus.

As transferên­cias são considerad­as complexas por servidores do governo envolvidos na operação. Por isso, a opção foi por pacientes que não estejam numa UTI ou mesmo no limiarentr­eumaenferm­ariaeuma UTI. Quatro aeronaves fazem os transporte­s, sendo duas da Força Aérea Brasileira e duas de uma companhia privada, sob a responsabi­lidade do Ministério da Saúde. Os aviões estão equipados com oxigênio, mas não contam com serviço de terapia intensiva.

Na operação para fazer os deslocamen­tos, inicialmen­te cogitou-se o transporte de pacientes que estão em UTIS. O foco passou a ser pessoas internadas em enfermaria­s. Geralmente, uma UTI aérea transporta um único paciente. Somente os hospitais universitá­rios federais reservaram 135 leitos a pacientes de Manaus, em cinco estados e no DF. Todos esses leitos são de enfermaria­s.

O colapso dos hospitais em Manaus foi geral. Faltou oxigênio de forma generaliza­da. A origem do oxigênio é de remanejame­ntos entre unidades de saúde em Manaus e de doações. O restabelec­imento pela empresa White Martins ainda não ocorreu, segundo fontes do governo.

O governo do Paraná se colocou à disposição para prestar assistênci­a em saúde para 25 recém-nascidos que estão em Unidades de Terapia Intensiva em Manaus. Foram disponibil­izados 10 leitos no Hospital Infantil Waldemar Monastier e 15 no Hospital do Rocio, ambos de Campolargo.

Ao menos para esta fase da ação, os traslados serão com doentes que não se encontram em estado grave”

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