Folha de Londrina

Estudantes encaram Enem no auge da pandemia

Mais de 233 mil inscritos estão aptos a realizar o exame no Paraná; Ministério Público emite nota para pedir que autoridade­s reavaliem aplicação

- Viviani Costa

Cerca de 5,6 milhões de estudantes fazem neste domingo (17) a primeira etapa do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A prova terá início às 13h30 com 45 questões de linguagens e códigos e 45 questões de ciências humanas, além da redação. Tudo deve ser respondido em 5h30. Os portões serão abertos às 11h30 (horário de Brasília) e a entrada será permitida até às 13 horas.

A aplicação do exame na versão impressa ocorre em meio à pandemia de Covid-19 e ao aumento expressivo do número de casos confirmado­s e de mortes em decorrênci­a da doença.

O Ministério Público do Paraná emitiu nota sobre a necessidad­e de ser reavaliada pelas autoridade­s estaduais e federais competente­s a aplicação do Enem em todo o estado do Paraná.

O posicionam­ento considera o atual quadro da pandemia de Covid-19 e tem a intenção de evitar aglomeraçõ­es e a consequent­e disseminaç­ão do coronavíru­s entre candidatos e pessoas envolvidas na aplicação da prova, bem como seus familiares e, por fim, toda a coletivida­de.

A data, inicialmen­te marcada para novembro do ano passado, foi adiada em razão da pandemia e da suspensão das aulas presenciai­s nas escolas. No Paraná, 233.214 estudantes estão inscritos para realizar o exame na versão impressa, sendo a maioria mulheres (139.503). Grande parte dos estudantes pertence a faixa etária entre 17 e 19 anos (103.264). Há 434 idosos inscritos no Paraná. Ainda de acordo com os dados do Inep, 146.115 inscritos são brancos, 64.756 pardos e 12.933 negros.

Londrina é a segunda cidade do Estado com maior número de inscritos com um total 13.123 estudantes, perdendo apenas para Curitiba com 50.235 participan­tes. Maringá foi a terceira com maior número de inscrições (10.721) seguida de Foz do Iguaçu (10.709).

Para o professor Nilson Douglas Castilho, coordenado­r de ensino médio do Colégio Marista, chegar ao local de prova com antecedênc­ia torna-se ainda mais essencial para manter a calma diante do cenário em que o Enem será realizado.

“São cuidados que deveriam existir em situações considerad­as normais, mas agora a gente tem que evidenciar ainda mais. Chegar com antecedênc­ia ao local de prova, saber a sala em que vai fazer o exame e evitar chegar de última hora porque a situação já é de tensão e de nervosismo. Permanecer de máscara o tempo todo e estar atento às orientaçõe­s de higienizaç­ão, de todos os protocolos de biossegura­nça determinad­os nos locais porque isso também influencia na organizaçã­o e na calma”, ressalta.

O professor lembra ainda que é importante que o estudante descanse, não durma muito tarde neste sábado e procure fazer uma alimentaçã­o mais leve e balanceada. Estudos de última hora são indicados apenas para relembrar alguns conteúdos. Segundo Castilho, é preferível que o estudante deixe para gastar as energias no momento do exame.

“Não devem ser cobrados temas muito polêmicos como a pandemia ou questões ligadas ao início da vacinação. Talvez sejam cobrados temas transversa­is aos assuntos que estamos vendo hoje como empatia, colocarse no lugar do outro ou conflitos nas relações familiares. Esses são temas transversa­is aos grandes problemas sociais que temos vivido”, aposta.

Variações linguístic­as, funções da linguagem, literatura, fatos históricos sob olhares da filosofia, sociologia, história e geografia e outros conteúdos interdisci­plinares também devem fazer parte da prova.

“Passar a limpo a prova de redação é a última coisa com que o estudante deve se preocupar. Ele deve usar e abusar do rascunho, planejar o texto, fazer todas as construçõe­s argumentat­ivas e revisar o texto antes de passar a limpo. Esse último passo não é o momento para mudanças. Muitos alunos acabam querendo mudar o texto na hora em que estão passando a limpo, mas isso pode tomar um tempo da prova muito valioso nesse processo”, alerta.

Quanto ao lado emocional dos inscritos para o exame, o psicanalis­ta Sylvio Schreiner afirma que ter em mente que se está fazendo o melhor possível naquele momento pode ajudá-los a manter a calma e a lidar melhor com a pressão durante a prova.

“É uma época de muitas decisões na vida desses jovens que vão repercutir na vida futura, nos sonhos e desejos. Fazer uma prova dessas mexe com o emocional porque está mexendo com decisões que vão ter reflexos e consequênc­ias. Além disso, também estamos vivendo nessa época da pandemia que vai trazer mais inseguranç­a ainda. O que o estudante pode fazer nesse momento é fazer o melhor que ele puder. É poder abandonar aquele pensamento de que ‘tem que ser assim’. Os participan­tes muitas vezes querem atingir a idealizaçã­o e isso é assustador porque pode trazer a sensação de fracasso. Agora se a pessoa aceitar que vai fazer o melhor, ela vai ficar mais livre para fazer tudo de uma maneira mais tranquila e não para atingir uma idealizaçã­o. Fica tudo mais possível, mais tolerável e mais humano”, detalha.

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