Folha de Londrina

FELICIDADE BLACK faz da música um instrument­o de luta

Com diversidad­e de vozes e estilos, a Universal Music e a Tsvox juntam forças para ampliar o alcance do projeto musical

- *Supervisão: Célia Musilli/ Editora Felipe Soares Luiz * Estagiário

Entre histórias, vivências e canções, o projeto Felicidade Black carrega a necessidad­e de exaltação ao passado e a promessa de um futuro melhor. A Universal Music e a Tsvox Music uniram suas forças para tornar isso uma realidade ainda mais concreta. O projeto Felicidade Black, idealizado pelos produtores Umberto Tavares e Jefferson Junior, trata das experiênci­as de vida, cultura e identidade do povo preto brasileiro.

O encontro da felicidade, como o próprio nome já diz, é o tema central da produção. O papel do negro na sociedade, tanto na vida pessoal, carreira, equidade, ancestrali­dade e a autoimagem são os pontos principais.

Quem assume à frente da programaçã­o musical é a dupla Lucas e Orelha, que deram voz ao projeto em parceria com outros cantores reconhecid­os nacionalme­nte, como Lelle, Mc Marcinho e Buchecha. O projeto tem cinco faixas, sendo a primeira que leva o nome do projeto, nas vozes de Lucas e Orelha, Becca Perret e DJ Zullu.

O primeiro single fala sobre um mundo sonhador, visto pelos olhos dos pretos, no qual o racismo e o preconceit­o são coisas do passado. Lugar onde todos vivem em um mundo repleto de liberdade. “A música sempre foi uma voz mensageira, sempre foi um grito. É uma ferramenta de luta. Para falar sobre racismo ela é grandiosa! E no ‘Felicidade Black’ ela é fundamenta­l para enaltecer a cultura preta”, disse Lucas.

Na segunda música, em ritmo de samba, além das vozes de Lucas e Orelha, o single ganha mais diversidad­e vocal, com a participaç­ão de Mc Rebecca e o cantor de pagode, Mumuzinho. Chamado de ‘Mãe África’, o segundo single do projeto, traz consigo a história do território africano que foi roubado e explorado durante séculos. A perda de identidade e reconstruç­ão da história é o que dá destaque à faixa, trazendo a ancestrali­dade dos reis e rainhas africanos para o centro do debate mais uma vez.

O produtor Umberto Tavares conta que “surgiu a necessidad­e de cantar ao povo preto uma mensagem de esperança e de amor em um ano tão difícil”. Para ele, “I can’t breathe’’ foi a frase de 2020, dita por George Floyd antes de morrer sufocado por um policial branco. Umberto ainda destaca que “aquele sonho de 1963, de Martin Luther King, ainda não se realizou, mas que a esperança também não morreu com ele”.

Em tom mais crítico, a faixa de ‘Mãe África’, aponta as hipocrisia­s que amarram a sociedade atual, onde só “torce para preto, se for jogador de futebol” ou que “é fácil elogiar quem atira, quando não é você que está na mira”, diz trecho da música.

As duas faixas seguintes, ‘É tão bom sonhar’ e ‘João Ninguém’, incentivam para o olhar além, contam também a dura realidade dos moradores das favelas que lutam no dia a dia para sobreviver aos atos cruéis das forças policiais. O quinto e último single, ‘Felicidade Black V’, fecha o projeto. A grande bagagem e o orgulho que cada um carrega dentro de si são os aspectos de destaque na música. “Essa canção é uma exaltação ao passado e uma promessa para o futuro. Nosso passado é preto, assim como o nosso futuro”, diz Lucas.

Historicam­ente, a música se tornou uma importante aliada da luta das pessoas pretas no mundo todo. “A música é democrátic­a, é para que todos possam ouvir. Ela traz informação, assim como beleza e sensibilid­ade. Estou muito feliz com todo esse projeto”, complement­a Orelha.

Além de música de qualidade, o projeto dá o pontapé inicial para sair da bolha de comodismo da sociedade, fazendo com que os olhares distantes e as vivências longínquas percebam a dura realidade enfrentada todos os dias pela comunidade negra do país através da música.

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Divulgação Lucas (à direita) e Orelha são as vozes principais do projeto Felicidade Black

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