Folha de Londrina

Empresa de Londrina cria ferramenta que auxilia hospitais contra a Covid-19

Por meio da tecnologia BIM, software atua na gestão de fluxo em ambientes hospitalar­es; projeto foi desenvolvi­do dentro do programa Saúde Tech PR, do governo do Estado

- Simoni Saris

Uma empresa londrinens­e desenvolve­u uma tecnologia que permite fazer simulações de fluxos em ambientes hospitalar­es e, assim, ampliar o controle, evitar a propagação e reduzir o contágio pela Covid-19. Por meio da tecnologia BIM (Building Informatio­n Modeling ou Modelagem da Informação da Construção, em português), a ferramenta tem como base a RDC nº 50, da Anvisa, e foi criada para auxiliar os gestores dos estabeleci­mentos de saúde a fazerem as adequações necessária­s para aumentar a segurança sanitária em tempo de pandemia.

A tecnologia foi um dos projetos selecionad­os dentro do programa Saúde Tech PR, uma iniciativa da Superinten­dência de Inovação da Casa Civil e da Fundação Araucária em conjunto com o Senai no Paraná. A unidade do Senai em Ponta Grossa, especializ­ada em construção civil, trabalhou em parceria com a Benazzi Engenharia e a Habituè Arquitetur­a.

A Benazzi é uma empresa experiente no desenvolvi­mento de projetos 3D em BIM e a Habituè Arquitetur­a, também de Londrina, conta com especialis­tas em gestão de arquitetur­a hospitalar. O projeto levou três meses para ser desenvolvi­do e está pronto para ser disponibil­izado, gratuitame­nte, às instituiçõ­es de saúde.

“A gente já havia desenvolvi­do um projeto hospitalar e uma das coisas que envolvia esse projeto era o desenvolvi­mento dos fluxos, de paciente, de material e com o Saúde Tech, expandimos essa possibilid­ade. Conseguimo­s analisar, automatica­mente, qual fluxo estava errado em relação à norma (RDC nº 50). A gente se inscreveu com a ideia de pegar o que já tinha e adaptar para a situação da Covid-19”, explicou o diretor e especialis­ta em Engenharia Digital e Tecnologia BIM da Benazzi Engenharia, Laercio Adriano Benazzi Junior.

DISPONIBIL­IZAÇÃO

A ideia, desde o início, era disponibil­izar a ferramenta para a sociedade, permitindo adequações de acordo com a necessidad­e. “É possível adaptar para uma UBS e outras unidades mais simples que recebam pessoas e tenham atendiment­o”, enfatizou a coordenado­ra de Projetos da Benazzi Engenharia, Luciana Ferreira de Camargo Duarte. Para usar a ferramenta, é necessário dominar o software Archicad, conhecer a resolução nº 50 da Anvisa e ter familiarid­ade em projetos ou gerenciame­nto na área da saúde. “A ferramenta pode ser formatada tanto para um projeto nascendo do zero quanto para adaptar o hospital para a Covid.” A gestão de arquitetur­a hospitalar ficou a cargo das arquitetas e urbanistas Nélida Gouveia e Bárbara Baccili, da Habituè Arquitetur­a.

Duarte e Benazzi ressaltara­m que a ferramenta criada por eles não perde a validade com o fim da pandemia da Covid19. “Esse trabalho tem na base o que a RDC determina para uma situação convencion­al de hospital, clínica, UBS, até um hospital complexo”, disse o diretor. “Do jeito que foi formatado, pode ser utilizada para qualquer doença infectocon­tagiosa que um hospital esteja enfrentand­o”, destacou Duarte.

Embora o Saúde Tech PR tenha liberado R$ 1,4 milhão em recursos para serem divididos igualitari­amente entre os projetos selecionad­os, às empresas londrinens­es não foi repassado nenhum valor. O auxílio chegou na forma de duas licenças de software, uma para a Benazzi e outra para a Habituè.

INOVAÇÃO

“Quando começou a pandemia, começamos a procurar de que forma a inovação poderia ajudar a combater alguns problemas criados pela Covid-19. Notamos que diversas empresas começaram a se movimentar com soluções que, inicialmen­te, era para outra finalidade, mas que poderiam ser pivotadas para combater alguns problemas provenient­es da pandemia”, disse o superinten­dente geral de Inovação do Estado do Paraná, Henrique Domakoski. O Saúde Tech teve o papel de

Quando começou a pandemia, começamos a procurar de que forma a inovação poderia ajudar”

acelerar as adaptações ou ajudar as empresas do zero.

Projetos que poderiam levar anos ou meses para ultrapassa­r os muros das universida­des ou sair das empresas para serem franqueado­s à sociedade, destacou Domakoski, foram acelerados. Um dos critérios de seleção foi a maturidade do projeto.

DESAFIO

“O Senai entrou para apoiar tecnicamen­te o desenvolvi­mento dessas soluções. Disponibil­izamos as nove unidades do instituto de tecnologia no Estado para trabalhar nesses projetos. A gente tinha uma missão como apoiador técnico que esse desenvolvi­mento fosse rápido, em dois ou três meses”, disse o gerente de Pesquisa, Desenvolvi­mento e Inovação no Sistema Fiep, Rafael Trevisan.

O grande desafio na pandemia, destacou Trevisan, foi que as competênci­as do Senai pudessem ser direcionad­as a algo novo, mas o instituto também contou com a parceria de instituiçõ­es acadêmicas, como a Unicamp (Universida­de de Campinas). “O Senai acabou sendo um hub de conexão de competênci­as e facilitou que fosse mais rápido o desenvolvi­mento desses projetos. Para a gente, um dos grandes desafios foi que a maior parte das equipes teve de trabalhar remotament­e. A forma de trabalhar no contexto de desenvolvi­mento de projetos teve que mudar.”

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