Folha de Londrina

Fachin reage e diz que pressão no Judiciário é intoleráve­l

- Marcelo Rocha

O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta segunda-feira (15) ser “intoleráve­l e inaceitáve­l qualquer tipo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário”.

A declaração é uma resposta à revelação de que a cúpula do Exército, então comandado pelo general Eduardo Villas Bôas, articulou um tuíte de alerta à corte antes do julgamento de um habeas corpus que poderia beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018.

Segundo Villas Bôas, em livro-depoimento recém publicado pela Fundação Getúlio Vargas, o texto do tuíte foi escrito por “integrante­s do Alto Comando”.

“A declaração de tal intuito, se confirmado, é gravíssima e atenta contra a ordem constituci­onal. E ao Supremo Tribunal Federal compete a guarda da Constituiç­ão”, disse Fachin, em nota divulgada por seu gabinete.

O ministro citou trecho da Constituiç­ão que define o papel das Forças Armadas. “As Forças Armadas, constituíd­as pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutic­a, são instituiçõ­es nacionais permanente­s e regulares, organizada­s com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República”.

“E destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constituci­onais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”

O ministro citou as Forças Armadas dos Estados Unidos no episódio da recente invasão ao Capitólio, quando o Congresso se reuniu para referendar a vitória do democrata Joe Biden.

“A grandeza da tarefa, o sadio orgulho na preservaçã­o da ordem democrátic­a e do respeito à Constituiç­ão não toleram violações ao Estado de Direito democrátic­o”, afirmou Fachin.

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