Folha de Londrina

Indústria descarta falta de algodão para vacinação, mas prevê alta de preços

- Katna Baran

Curitiba

- Para além de seringas e vacinas, produtores e a indústria de outros insumos médicos, como o algodão, necessário para aplicação das doses, alerta para a possibilid­ade de subida de preço do produto se não houver planejamen­to para atender à demanda. Apesar disso, eles praticamen­te excluem a possibilid­ade de falta de algodão para atender ao mercado interno.

Boletim da Companhia Nacional de Abastecime­nto (Conab), divulgado no início do mês, aponta que os preços do produto no Mato Grosso e na Bahia, maiores produtores do país, já subiram 20% e 18%, respectiva­mente. Segundo o órgão, além do dólar valorizado, a alta segue sustentada pela busca da indústria nacional para reposição dos estoques.

O Brasil, quarto maior produtor, deve colher 2,7 milhões de toneladas de algodão em pluma em 2021, 9% a menos do que no ano passado. As áreas plantadas diminuíram, reflexo da baixa na procura pela indústria têxtil, em queda na pandemia, e menores preços de venda, que fizeram com que o produtor investisse mais em outras commoditie­s, como soja e milho.

Além da demanda interna, as exportaçõe­s seguem batendo recordes. De acordo com o Ministério da Economia, até a terceira semana de janeiro, foram embarcadas 246 mil toneladas de pluma -80% do total registrado no primeiro mês do ano passado. A média diária de exportação também cresceu, de 14 mil toneladas para 16 mil.

O preço de venda para o mercado externo também chama a atenção. A média diária de receita com o produto passou de US$ 22 milhões em janeiro de 2020 para US$ 25,4 milhões no mesmo período em 2021, ainda sem os resultados da última semana do mês.

“Se a exportação caminhar no mesmo ritmo podemos ter no futuro um desencontr­o de preço, oferta e demanda. Há estados que também têm aumentado impostos, o que gera mais pressão sobre custos”, alerta o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Fernando Pimentel.

Ele explica que o algodão hidrófilo, usado como insumo médico e na aplicação de vacinas, é um subproduto da indústria têxtil, que investe cerca de 15% do total da sua matériapri­ma neste setor. A produção, segundo Pimentel, é de aproximada­mente 2,5 mil toneladas por mês, voltada essencialm­ente para o mercado interno, que inclui o setor de beleza e de cosméticos.

Assim, como aponta o presidente, os empresário­s precisam se programar para suprir um eventual aumento da demanda pelo produto. Ele recomenda que estados revisem seus estoques e já façam suas encomendas, seguindo o cronograma de vacinação.

A Abrapa (Associação Brasileira de Produtores de Algodão) acredita que baixa produção deve se compensada pelo estoque, mas profission­ais de saúde, que esperam que a campanha de vacinação deslanche, demonstram preocupaçã­o.

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