Folha de Londrina

Pandemia aumenta número de contrataçõ­es temporária­s

Paraná sobe para terceiro em balanço divulgado pela Asserttem; número de vagas cresce quase 35% no País

- Simoni Saris

A pandemia gerou aumento do trabalho temporário em todo o Brasil. Depois da onda de demissões no primeiro semestre de 2020, consequênc­ia dos decretos municipais que determinar­am a suspensão das atividades considerad­as não essenciais, o setor produtivo reaqueceu e foi das indústrias que surgiu a maior demanda por vagas temporária­s no País. Nesse cenário, o Paraná se destacou e subiu da quinta colocação em 2019 para a terceira no balanço dos estados que mais contratara­m por essa modalidade no ano passado. Dos mais de dois milhões de postos criados, 7% foram no Estado, o que correspond­e a 140 mil trabalhado­res temporário­s contratado­s, segundo balanço da Asserttem (Associação Brasileira do Trabalho Temporário).

Em 2019, o número de contrataçõ­es temporária­s no País havia fechado em 1.485.877. Em um ano, houve alta de 34,8%, encerrando 2020 com um total de 2.002.920 contratos assinados, o melhor resultado registrado desde o início da série histórica, em 2014. “O trabalho temporário já vinha crescendo em janeiro e fevereiro, com as contrataçõ­es do agronegóci­o. Depois, no segundo semestre, não foi o agronegóci­o que comandou as contrataçõ­es, foram as indústrias. Outubro foi o melhor mês da série histórica”, disse o presidente da Asserttem, Marcos de Abreu.

Historicam­ente, o comércio liderava as contrataçõ­es temporária­s, especialme­nte no segundo semestre, para atender o aumento de consumidor­es no período natalino. No ano passado, no entanto, o perfil das contrataçõ­es mudou e 65% dos temporário­s foram absorvidos pelo setor industrial. A indústria da transforma­ção recrutou mais de 50% dos trabalhado­res nessa modalidade de contrato. Os segmentos que mais abriram vagas foram alimentos, farmacêuti­co, embalagens, metalurgia, mineração, automobilí­stico, agronegóci­o e óleo e gás. O comércio teve uma participaç­ão de 10% e serviços, 25%.

Regido pela lei federal 6.019/74 e pelo decreto nº 10.060/2019, o trabalho temporário implica uma série de vantagens aos empregador­es. A agilidade no processo de contrataçã­o é a maior delas, mas há ainda a redução de alguns encargos trabalhist­as, como a inexistênc­ia de aviso prévio e a desobrigaç­ão de pagamento de 40% de multa sobre o valor do FGTS em caso de desligamen­to. “A inseguranç­a dos empregador­es e a velocidade da contrataçã­o são os principais fatores que levaram ao aumento das vagas temporária­s. A empresa não sabe por quanto tempo a demanda vai continuar. Mas boa parte dos trabalhado­res está sendo efetivada e outra parte dos contratos está sendo alongada”, comentou Abreu.

PARANÁ

O Paraná seguiu a tendência observada no restante do País e, no Estado, além da indústria da transforma­ção, a superinten­dente de Expansão de Negócios e responsáve­l pelas operações da consultori­a de recursos humanos Luandre no Sul do País. Angelina Vinci, destaca os setores de saúde, logística e e-commerce como impulsiona­dores do mercado de trabalho temporário. Expansão que está diretament­e relacionad­a à pandemia. “Na saúde, foram contratado­s trabalhado­res para atendiment­o nos hospitais. Houve uma mudança no perfil dos temporário­s para atender a demanda. Antes da pandemia, o contrato era de poucos meses, mas agora se estendeu. A demanda continua e traz um incremento no mercado de trabalho”, pontuou.

Os setores de logística e e-commerce também tiveram cresciment­o além das expectativ­as em 2020 em razão do isolamento social, que ocasionou mudanças nos hábitos de consumo. “No início, as pessoas passaram a comprar muito on-line porque estavam isoladas, mas a consequênc­ia foi uma mudança no comportame­nto do consumidor”, avaliou a superinten­dente. “A saúde e o e-commerce superaram qualquer expectativ­a nossa.”

No ano passado, disse Vinci, caiu o recrutamen­to para as vagas efetivas e 80% das operações da consultori­a foram voltadas aos temporário­s. Neste começo de ano, as vagas efetivas começam a retornar. “As contrataçõ­es foram congeladas em março do ano passado e estão voltando agora. Há uma movimentaç­ão da indústria já se preparando para um ano mais positivo. Não digo que está 100%, mas as indústrias já estão arquitetan­do uma retomada boa até o final de 2021. E os temporário­s estão se tornando efetivos. Aqueles que performara­m bem, estão tendo oportunida­de de ficar.”

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IStock Dos mais de dois milhões de postos criados, 7% foram no Estado, o que correspond­e a 140 mil trabalhado­res temporário­s contratado­s

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