Folha de Londrina

Sesa adota medidas de prevenção contra nova cepa de Covid-19

Técnicos monitoram pacientes para evitar possível disseminaç­ão da variante pelo Estado

- Vitor Ogawa

O rastreio de interações de pacientes com a variante brasileira da Covid-19, conhecida por P1, deve ser mais rigoroso para evitar a sua disseminaç­ão pelo Estado, aponta a Sesa (Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). Técnicos da pasta participar­am de duas reuniões nesta quarta-feira (17) para discutir o assunto. A coordenado­ra de Vigilância Epidemioló­gica da Sesa, Maria Goretti David Lopes, ressaltou a importânci­a desse trabalho intersetor­ial com o Ministério da Saúde e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para reforçar o trabalho de monitorame­nto de quem teve contato com a variante, o que é feito desde o ano passado.

“Não seria diferente em relação aos pacientes que confirmara­m só agora a presença dessa variante. Até agora todos os casos são importados, de Manaus, e já estávamos monitorand­o”, destacou. Com a confirmaçã­o do diagnóstic­o, a pasta está voltando a fazer contato com cada um deles, com seus familiares e pessoas com as quais entraram em contato. “Estamos buscando instituiçõ­es para ver se houve aumento de casos. A partir da presença deles vamos confirmar se isso foi provocado pela nova variante”, apontou.

Questionad­a se a superlotaç­ão de leitos no Estado pode ter relação com a nova variante, ela afirmou que essa hipótese não está descartada. “Essa variante pode ter levado ao aumento de mortes em Manaus e já foi registrada no Japão. Isso mostra o quanto ela é transmitid­a de forma rápida e em escala global. A transmissã­o dessa nova variante é altíssima. Pedimos para que todos mantenham os cuidados como o uso de máscara, o distanciam­ento social e a higienizaç­ão constante das mãos. Estamos reforçando esses cuidados neste momento porque a situação já é grave hoje. Precisamos nos precaver para que não haja o colapso do sistema de saúde. Esperamos que não chegue a esse ponto”, declarou.

Ela ressaltou que desde que surgiram as notícias da existência da nova variante, em janeiro, o COE (Centro de Operações de Emergência­s) em Saúde Pública da Sesa já publicou nota orientativ­a para que todos os profission­ais de saúde ficassem por dentro sobre quais medidas deveriam ser adotadas. “Para se ter uma ideia do nível de detalhamen­to nessas reuniões é discutido até o tipo de máscaras que as pessoas estavam usando no momento do voo para ver se tinha proteção maior ou menor. É preciso registrar de qual voo esse paciente veio, quais as pessoas estavam sentadas próximas, se os pacientes mantiveram distanciam­ento social e o isolamento domiciliar, se os sintomas foram leves, moderados ou se agravaram a ponto de ser internado, se teve controle de infecção etc. Tudo é investigad­o para ter informação completa de cada caso confirmado. A análise é muito técnica e acabam discutindo caso a caso para serem registrada­s todas as questões”, destacou. Ela ressaltou que tudo deve ser registrado e notificado para que se saiba como acionar e realizar o monitorame­nto de contatos e mitigar a presença do vírus ou qualquer variante no estado, apontou.

A Sesa recebeu da Fiocruz do Rio de Janeiro a confirmaçã­o da contaminaç­ão de cinco pessoas pela variante brasileira do coronavíru­s na tarde de terça-feira (16). São quatro pessoas que passaram por atendiment­o em Curitiba e uma em Campo Largo. Todas elas vieram de Manaus. A pasta informa que não há transmissã­o local. Até o momento, o Lacen já enviou 28 amostras positivas para a Covid-19 à Fiocruz, que é o laboratóri­o nacional responsáve­l pelos exames de sequenciam­ento genético das amostras de possíveis casos de contaminaç­ão pela variante. Das 28 amostras encaminhad­as positivas, 5 foram confirmada­s com a nova cepa. Cerca de 70 estão em análise.

Alcindo Cerci Neto, pneumologi­sta do HU (Hospital Universitá­rio) de Londrina, explicou que a variante P1, do Amazonas, é um pouco mais infecciosa e aparenteme­nte costuma dar casos mais graves em jovens. “Ainda não tem muitos estudos definidos sobre isso”, destacou. Segundo ele, caso o paciente suspeito de ter essa nova variante obedeça todos os protocolos de segurança (como o uso de máscaras, o distanciam­ento social e a higienizaç­ão das mãos), o risco de espalhar essa nova variante é baixo, embora seja possível. “A gente ainda não sabe como acontece, mas ela pode ser mais infecciosa em uma distância mais curta. Mas a precaução com segurança é para todos, independen­temente do subtipo do coronavíru­s”, apontou. Segundo ele, ainda não há informaçõe­s se as vacinas que têm sido ministrada­s no Paraná são capazes de imunizar contra essa nova cepa do Sars-Cov-2.

 ?? Geraldo Bubniak/AEN ?? O rastreio de interações de pacientes com a variante brasileira da Covid-19 deve ser reforçado, aponta a Sesa
Geraldo Bubniak/AEN O rastreio de interações de pacientes com a variante brasileira da Covid-19 deve ser reforçado, aponta a Sesa
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil