Folha de Londrina

STF ratifica decisão de Moraes de prender deputado que atacou a corte

Ministros decidem de forma unânime pela prisão de Daniel Silveira (PSLRJ); presidente da Câmara não estaria disposto a afrontar o Supremo

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Brasília

- Por unanimidad­e, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu manter a decisão do ministro Alexandre de Moraes de determinar a prisão em flagrante do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). O deputado gravou um vídeo com duros ataques aos ministros da corte e teve a prisão decretada na noite de terça-feira (16).

Na quarta-feira (17), por 11 votos a 0, o plenário do STF manteve a decisão. Os ministros Kassio Nunes Marques, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Ricardo Lewandowsk­i, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio Mello e Luiz Fux apoiaram a decisão de Moraes.

Na terça-feira, Moraes havia mandado prender o deputado em flagrante. A decisão de Moraes foi de ofício, ou seja, sem provocação da PGR (Procurador­iaGeral da República) ou da Polícia Federal, por exemplo.

Silveira é alvo de dois inquéritos na corte - um apura atos antidemocr­áticos e o outro, fake news. Moraes é relator de ambos os casos, e a ordem de prisão contra o deputado bolsonaris­ta foi expedida na investigaç­ão sobre notícias falsas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), telefonou para ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) na tentativa de articular uma saída com a corte após a prisão do deputado.

Antes da decisão do plenário do STF, em ligação a pelo menos dois magistrado­s da corte, Lira deu o recado de que não quer gerar uma crise entre os Poderes, mas que seus aliados temiam criar um precedente perigoso de prisão de congressis­tas, que têm imunidade parlamenta­r.

Ou seja, por ora, ele não teria como garantir que o plenário da Casa chancelari­a a decisão do

Supremo.

Integrante­s do tribunal, por sua vez, indicaram que veriam como uma afronta do Parlamento uma atitude que livre Daniel Silveira de qualquer punição. É preciso condenar enfaticame­nte os ataques à corte, avaliam magistrado­s.

Membros do Judiciário avaliam que Lira nem mesmo descarta articular junto aos pares para confirmar a decisão do Supremo -embora isso seja difícil diante da resistênci­a no Legislativ­o. Há expectativ­a de que ele só leve o caso ao plenário da Câmara na quinta (18).

O presidente da Casa não quer afrontar o Supremo para evitar crise no início da sua gestão. Mas existe também como pano de fundo o fato de o parlamenta­r estar na mira de ao menos três casos no STF. Desses, dois já tiveram a denúncia recebida por maioria dos ministros, mas as ações penais ainda não foram formalizad­as em razão de recursos.

Em reserva, um ministro da corte disse que o presidente da Câmara demonstrou boa vontade com o tribunal no caso Silveira. Dirigentes de partidos do chamado centrão avaliam que houve excessos tanto por parte do parlamenta­r do PSL como de Moraes. Por medo de abrir caminho para facilitar que o STF decrete outras prisões temporária­s, a ideia mais debatida entre líderes aliados de Lira é propor que o caso seja encaminhad­o ao Conselho de Ética.

JULGAMENTO

O julgamento de Silveira no plenário do STF durou cerca de 45 minutos. Logo na abertura, antes de os ministros votarem, o presidente Luiz Fux afirmou que é papel do STF zelar “pela higidez e pelo funcioname­nto das instituiçõ­es brasileira­s” e por buscar a harmonia entre os poderes.

 ?? Betinho Casas Novas/Futura Press/Folhapress ?? Deputado bolsonaris­ta foi preso em flagrante na terça-feira (16) à noite após divulgar vídeo ofendendo ministros do STF; expectativ­a é que Arthur Lira (PP-AL) leve o caso ao plenário hoje
Betinho Casas Novas/Futura Press/Folhapress Deputado bolsonaris­ta foi preso em flagrante na terça-feira (16) à noite após divulgar vídeo ofendendo ministros do STF; expectativ­a é que Arthur Lira (PP-AL) leve o caso ao plenário hoje

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