Mulher é presa em Apucarana com frascos de vacina contra Covid
Polícia cumpriu mandado na casa de uma técnica de enfermagem que atuava voluntariamente na campanha; foram apreendidos dois frascos
Uma mulher foi presa no sábado (15) em Apucarana (Centro-Norte) com doses da vacina contra a Covid-19. O mandado de busca e apreensão foi pedido pelo Ministério Público em Apucarana e expedido pela Justiça. Na residência da mulher, a Polícia Civil apreendeu um frasco da AstraZeneca, com cinco doses; um de CoronaVac, com um número ainda não determinado de doses e um vazio, segundo o MP. A prefeitura municipal informou, porém, que são dez doses de AstraZeneca.
De acordo com o MPPR, houve uma denúncia de que a mulher teria oferecido doses a pessoas não contempladas nos grupos prioritários, por meio de mensagens via WhatsApp. Ela foi presa em flagrante pelo crime de peculato, podendo responder também pelos crimes de falsidade ideológica e infração de medida sanitária.
O MPPR informou que dará continuidade às investigações para esclarecer, entre outras itens, o possível envolvimento de servidores públicos e também a eventual responsabilização de pessoas que possam ter sido beneficiadas com a aplicação da vacina.
O diretor da AMS (Autarquia Municipal de Saúde), Roberto Kaneta, disse que a mulher trabalhava em uma instituição privada de saúde no município e se ofereceu há cerca de 20 dias para atuar como voluntária na campanha de vacinação contra Covid. “Ela fez a solicitação para nosso coordenador da Vigilância Epidemiológica e, a partir do momento dessa denúncia na quarta-feira (12), afastamos a voluntária, publicamos um decreto da Autarquia Municipal proibindo o trabalho voluntário e tivemos que afastar nosso coordenador da Vigilância Epidemiológica”, afirma, destacando que uma sindicância foi aberta para apurar os fatos. “Estamos colaborando com a Justiça para que sejam tomadas as medidas cabíveis”.
Na quinta-feira (13), a AMS esclareceu, por nota, que “a referida pessoa em nenhum momento se passou por enfermeira, tendo apresentado como referência seu trabalho numa instituição privada de Apucarana, na função de cuidadora de idosos”. O texto afirma que muitas pessoas se prontificaram a ajudar voluntariamente na vacinação. Porém, diante do planejamento e dos rigorosos critérios cumpridos no processo, foi baixada uma portaria proibindo a participação de voluntários na recepção e conferência de documentos das pessoas a serem vacinadas (Identidade, CPF, cartão nacional do SUS, idade e etc), e também na aplicação das vacinas.
SEM RISCOS
“A direção da AMS assegura ainda que no sistema de vacinação adotado em Apucarana não existe qualquer risco às pessoas imunizadas. Todos os profissionais que recepcionam e que vacinam as pessoas atuam sob uma constante e rigorosa supervisão presencial de diretores da Autarquia de Saúde”, diz a nota.
Kaneta explica que em nenhum momento a suspeita teria participado no preparo da vacina, apenas na aplicação. “Segundo o depoimento da mulher, foi no momento de grande movimentação que ela se apropriou desses imunizantes. Isso aconteceu em dois momentos. Foram cinco doses no dia 8 de maio e mais cinco doses no dia 11 de maio. Um total de dez doses da Astrazeneca”, detalha. A FOLHA não conseguiu falar com a Polícia Civil em Apucarana neste domningo (16).