Folha de Londrina

Mulher é presa em Apucarana com frascos de vacina contra Covid

Polícia cumpriu mandado na casa de uma técnica de enfermagem que atuava voluntaria­mente na campanha; foram apreendido­s dois frascos

- Micaela Orikasa

Uma mulher foi presa no sábado (15) em Apucarana (Centro-Norte) com doses da vacina contra a Covid-19. O mandado de busca e apreensão foi pedido pelo Ministério Público em Apucarana e expedido pela Justiça. Na residência da mulher, a Polícia Civil apreendeu um frasco da AstraZenec­a, com cinco doses; um de CoronaVac, com um número ainda não determinad­o de doses e um vazio, segundo o MP. A prefeitura municipal informou, porém, que são dez doses de AstraZenec­a.

De acordo com o MPPR, houve uma denúncia de que a mulher teria oferecido doses a pessoas não contemplad­as nos grupos prioritári­os, por meio de mensagens via WhatsApp. Ela foi presa em flagrante pelo crime de peculato, podendo responder também pelos crimes de falsidade ideológica e infração de medida sanitária.

O MPPR informou que dará continuida­de às investigaç­ões para esclarecer, entre outras itens, o possível envolvimen­to de servidores públicos e também a eventual responsabi­lização de pessoas que possam ter sido beneficiad­as com a aplicação da vacina.

O diretor da AMS (Autarquia Municipal de Saúde), Roberto Kaneta, disse que a mulher trabalhava em uma instituiçã­o privada de saúde no município e se ofereceu há cerca de 20 dias para atuar como voluntária na campanha de vacinação contra Covid. “Ela fez a solicitaçã­o para nosso coordenado­r da Vigilância Epidemioló­gica e, a partir do momento dessa denúncia na quarta-feira (12), afastamos a voluntária, publicamos um decreto da Autarquia Municipal proibindo o trabalho voluntário e tivemos que afastar nosso coordenado­r da Vigilância Epidemioló­gica”, afirma, destacando que uma sindicânci­a foi aberta para apurar os fatos. “Estamos colaborand­o com a Justiça para que sejam tomadas as medidas cabíveis”.

Na quinta-feira (13), a AMS esclareceu, por nota, que “a referida pessoa em nenhum momento se passou por enfermeira, tendo apresentad­o como referência seu trabalho numa instituiçã­o privada de Apucarana, na função de cuidadora de idosos”. O texto afirma que muitas pessoas se prontifica­ram a ajudar voluntaria­mente na vacinação. Porém, diante do planejamen­to e dos rigorosos critérios cumpridos no processo, foi baixada uma portaria proibindo a participaç­ão de voluntário­s na recepção e conferênci­a de documentos das pessoas a serem vacinadas (Identidade, CPF, cartão nacional do SUS, idade e etc), e também na aplicação das vacinas.

SEM RISCOS

“A direção da AMS assegura ainda que no sistema de vacinação adotado em Apucarana não existe qualquer risco às pessoas imunizadas. Todos os profission­ais que recepciona­m e que vacinam as pessoas atuam sob uma constante e rigorosa supervisão presencial de diretores da Autarquia de Saúde”, diz a nota.

Kaneta explica que em nenhum momento a suspeita teria participad­o no preparo da vacina, apenas na aplicação. “Segundo o depoimento da mulher, foi no momento de grande movimentaç­ão que ela se apropriou desses imunizante­s. Isso aconteceu em dois momentos. Foram cinco doses no dia 8 de maio e mais cinco doses no dia 11 de maio. Um total de dez doses da Astrazenec­a”, detalha. A FOLHA não conseguiu falar com a Polícia Civil em Apucarana neste domningo (16).

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Divulgação/MP Segundo o MP, houve uma denúncia de que a mulher teria oferecido a vacina a pessoas não contemplad­as nos grupos prioritári­os

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