Folha de Londrina

Dupla inseguranç­a

-

A decisão da Anvisa de suspender a vacinação de grávidas contra a Covid-19 com o imunizante da Astrazenec­a após a morte de uma mulher que esperava uma criança, no Rio de Janeiro, acendeu o sinal de alerta entre as gestantes de todo o país. Se antes havia a preocupaçã­o em contrair a doença, agora também há o temor em se vacinar.

O Ministério da Saúde, porém, ressalta que não há uma relação direta entre a vacina e a morte da mulher, no Rio de Janeiro, uma vez que o imunizante foi aplicado em outras gestantes, que não desenvolve­ram nenhuma reação adversa de tal gravidade. As causas da morte ainda são investigad­as.

A presidente da Comissão de Revisão de Calendário­s de Vacinação da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizaçõe­s), Mônica Levi, lembra que as gestantes têm outras duas opções de vacinas que não apresentar­am nenhum evento adverso grave em nenhum lugar do mundo e, portanto, não correm o risco de serem suspensas, a Coronavac e o imunizante da Pfizer.

No Paraná, porém, a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) interrompe­u a vacinação contra a Covid-19 em gestantes e puérperas sem comorbidad­es, independen­te do imunizante. A decisão foi divulgada no dia 13, mas o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, disse que a decisão é temporária e que a intenção não é criar um tabu em relação à vacinação em gestantes e puérperas.

As autoridade­s em saúde reforçam o apelo para que as gestantes continuem a se vacinar, uma vez que a interrupçã­o da Astrazenec­a não é uma decisão generaliza­da e sim uma precaução. De acordo com o entendimen­to dos especialis­tas, as grávidas de risco deveriam ter mais medo de pegar a Covid e isso atrapalhar a gestação, do que ter medo da vacina.

O fato é que uma gestação em meio a uma pandemia é um desafio a ser encarado pelas famílias. Tanto que o Ministério da Saúde chegou a recomendar às mulheres que pudessem esperar, que adiassem a gravidez. Como nem toda gravidez é planejada, a recomendaç­ão é que as famílias, principalm­ente as mães que esperam por uma criança, redobrem os cuidados, evitando se contaminar.

Na última semana, o Paraná ultrapasso­u a marca de 1 milhão de casos confirmado­s desde o início da pandemia. Em entrevista para a FOLHA na edição deste fim de semana, Pedro Villardi, pesquisado­r da Associação Brasileira Interdisci­plinar de Aids, defendeu que somente a vacinação em escala global poderá impedir o avanço no número de mortes.

Ele defende a quebra de patente de vacinas para reduzir a desigualda­de na questão do acesso. Enquanto países ricos oferecem vacinas como brinde e chamariz para turistas, nações menos desenvolvi­das acumulam milhares de mortes por dia.

Em meio a tantas mortes e incertezas, o melhor remédio ainda continua sendo a educação e o investimen­to na ciência.

Obrigado por ler a FOLHA!

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil