Folha de Londrina

Familiares, políticos e apoiadores se despedem de Bruno Covas

Prefeito de São Paulo morreu no domingo em decorrênci­a de um câncer, aos 41 anos; velório aconteceu sob forte comoção

- Artur Rodrigues e Guilherme Seto

São Paulo

- O velório do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), 41, que morreu neste domingo (16) em decorrênci­a de um câncer, aconteceu no edifício Matarazzo, sede da administra­ção municipal no centro da capital, sob forte comoção de familiares, políticos e apoiadores. O corpo chegou à prefeitura carregado por agentes da Guarda Civil Metropolit­ana por volta das 13h15. A entrada foi restrita a familiares e amigos mais próximos, por causa da pandemia de Covid-19. O caixão de Covas saiu da prefeitura por volta das 14h30, sob aplausos, enrolado nas bandeiras do Brasil, do estado de São Paulo e da capital paulista, e circulou em rápido cortejo em carro aberto do Corpo de Bombeiros por ruas do centro. O sepultamen­to ocorreu em Santos, no cemitério do Paquetá, junto aos restos mortais do avô, o ex-governador Mario Covas (1931-2001).

Bruno Covas, que emergiu como prefeito da maior cidade do país pregando a moderação em um cenário político ultrapolar­izado, tinha um câncer da transição esôfago gástrica, com metástase e suas complicaçõ­es após longo período de tratamento.

A aposta no centrismo levou o tucano Covas a ser reconduzid­o à prefeitura nas eleições de 2020, quando derrotou adversário­s à esquerda e à direita. De costas para o discurso ideológico, ressaltou a experiênci­a política, o enfrentame­nto do câncer -que comunicou ao público desde o diagnóstic­o- e a gestão de períodos turbulento­s da cidade, como a pandemia do coronavíru­s. A doença e a vocalizaçã­o de um discurso antiautori­tário que mirou o presidente Jair Bolsonaro antes que outros o fizessem mudaram a imagem pública de Covas, até então visto como um jovem prefeito boêmio.

Em 2016, mais conhecido por ser neto de Mario Covas (19302001) do que pela atuação discreta como parlamenta­r, Covas se tornou o vice na chapa de João Doria (PSDB) para a prefeitura como uma tentativa de pacificar o tucanato rachado pela escolha de um outsider como candidato. Em abril de 2018, aos 38 anos, ele assumiria o posto de prefeito, deixado por Doria ao disputar o governo estadual.

Com perfil menos midiático que o de Doria, Covas deu prioridade a obras iniciadas na gestão de Fernando Haddad (PT), como oito CEUs (Centros Unificados Educaciona­is), antes de começar novas empreitada­s.

CASSADO PELA DITADURA

Seu maior legado possivelme­nte está na forma com que se posicionou contra arroubos autoritári­os do presidente, assertiva mas não estridente, amparada pela admiração que declarava ter pelo avô.

“Meu avô foi preso e cassado pela ditadura. Concordar com isso [que não houve ditadura] é achar que ele foi um preso comum. Ele foi preso por conta das convicções políticas dele. Ficou dez anos impedido de fazer aquilo que tinha decidido fazer para a vida dele, que era política. Não posso aceitar”, contou em 2019 à Folha, ao dizer que anulara o voto no segundo turno da disputa presidenci­al do ano anterior.

Apesar dos acenos à esquerda, Covas costumava dizer que era “radical de centro”.

Bruno Covas Lopes nasceu em Santos em 7 de abril de 1980. Filho de Renata Covas Lopes e Pedro Lopes, tinha como maior referência o avô materno, Mario, que retomara os direitos políticos no ano anterior ao seu nascimento e que se tornaria, nas décadas seguintes, prefeito, senador e governador de São Paulo, além de cofundador do PSDB.

Durante todo o mandato, teve como companheir­o no dia a dia na prefeitura o filho Tomás, fruto de um casamento de dez anos com a ex-colega de faculdade Karen Ichiba, de quem se separou em 2014. A Tomás, Bruno Covas legou o gosto pela política e a torcida apaixonada pelo Santos.

 ?? Miguel Schincario­l – AFP ?? Rápido cortejo pelas ruas do centro de São Paulo; corpo de Bruno Covas foi sepultado em Santos
Miguel Schincario­l – AFP Rápido cortejo pelas ruas do centro de São Paulo; corpo de Bruno Covas foi sepultado em Santos
 ?? Fabio Braga – Folhapress ?? Eva Wilma tinha 87 anos e deixa um imenso legado, o de uma das mais belas e talentosas atrizes brasileira­s de todos os tempos
Fabio Braga – Folhapress Eva Wilma tinha 87 anos e deixa um imenso legado, o de uma das mais belas e talentosas atrizes brasileira­s de todos os tempos
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