Familiares, políticos e apoiadores se despedem de Bruno Covas
Prefeito de São Paulo morreu no domingo em decorrência de um câncer, aos 41 anos; velório aconteceu sob forte comoção
São Paulo
- O velório do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), 41, que morreu neste domingo (16) em decorrência de um câncer, aconteceu no edifício Matarazzo, sede da administração municipal no centro da capital, sob forte comoção de familiares, políticos e apoiadores. O corpo chegou à prefeitura carregado por agentes da Guarda Civil Metropolitana por volta das 13h15. A entrada foi restrita a familiares e amigos mais próximos, por causa da pandemia de Covid-19. O caixão de Covas saiu da prefeitura por volta das 14h30, sob aplausos, enrolado nas bandeiras do Brasil, do estado de São Paulo e da capital paulista, e circulou em rápido cortejo em carro aberto do Corpo de Bombeiros por ruas do centro. O sepultamento ocorreu em Santos, no cemitério do Paquetá, junto aos restos mortais do avô, o ex-governador Mario Covas (1931-2001).
Bruno Covas, que emergiu como prefeito da maior cidade do país pregando a moderação em um cenário político ultrapolarizado, tinha um câncer da transição esôfago gástrica, com metástase e suas complicações após longo período de tratamento.
A aposta no centrismo levou o tucano Covas a ser reconduzido à prefeitura nas eleições de 2020, quando derrotou adversários à esquerda e à direita. De costas para o discurso ideológico, ressaltou a experiência política, o enfrentamento do câncer -que comunicou ao público desde o diagnóstico- e a gestão de períodos turbulentos da cidade, como a pandemia do coronavírus. A doença e a vocalização de um discurso antiautoritário que mirou o presidente Jair Bolsonaro antes que outros o fizessem mudaram a imagem pública de Covas, até então visto como um jovem prefeito boêmio.
Em 2016, mais conhecido por ser neto de Mario Covas (19302001) do que pela atuação discreta como parlamentar, Covas se tornou o vice na chapa de João Doria (PSDB) para a prefeitura como uma tentativa de pacificar o tucanato rachado pela escolha de um outsider como candidato. Em abril de 2018, aos 38 anos, ele assumiria o posto de prefeito, deixado por Doria ao disputar o governo estadual.
Com perfil menos midiático que o de Doria, Covas deu prioridade a obras iniciadas na gestão de Fernando Haddad (PT), como oito CEUs (Centros Unificados Educacionais), antes de começar novas empreitadas.
CASSADO PELA DITADURA
Seu maior legado possivelmente está na forma com que se posicionou contra arroubos autoritários do presidente, assertiva mas não estridente, amparada pela admiração que declarava ter pelo avô.
“Meu avô foi preso e cassado pela ditadura. Concordar com isso [que não houve ditadura] é achar que ele foi um preso comum. Ele foi preso por conta das convicções políticas dele. Ficou dez anos impedido de fazer aquilo que tinha decidido fazer para a vida dele, que era política. Não posso aceitar”, contou em 2019 à Folha, ao dizer que anulara o voto no segundo turno da disputa presidencial do ano anterior.
Apesar dos acenos à esquerda, Covas costumava dizer que era “radical de centro”.
Bruno Covas Lopes nasceu em Santos em 7 de abril de 1980. Filho de Renata Covas Lopes e Pedro Lopes, tinha como maior referência o avô materno, Mario, que retomara os direitos políticos no ano anterior ao seu nascimento e que se tornaria, nas décadas seguintes, prefeito, senador e governador de São Paulo, além de cofundador do PSDB.
Durante todo o mandato, teve como companheiro no dia a dia na prefeitura o filho Tomás, fruto de um casamento de dez anos com a ex-colega de faculdade Karen Ichiba, de quem se separou em 2014. A Tomás, Bruno Covas legou o gosto pela política e a torcida apaixonada pelo Santos.