Assistentes sociais: mais do que essenciais
Profissionais atuam de modo destemido durante a pandemia de Covid-19
A vocação é intrínseca à profissão do assistente social. A escuta ativa, a acolhida, a empatia, a conquista da confiança e a solução pontual - e muitas vezes imediata - para o problema da pessoa que o procura é parte da rotina.
Com 24 anos de experiência, o assistente social Marcio Antunes admite que a vocação falou alto desde cedo. “Decidi ainda no Ensino Médio que gostaria de ser assistente social, muito por conta de minha participação em movimentos sociais, e por isso ainda vejo que há campo de atuação do assistente social em diversas áreas.”
Realizado no cumprimento de sua missão diária, faz do ofício, verdadeiro sacerdócio. “Sobretudo nessa atual conjuntura de redução de direitos sociais e violações de toda sorte, não tenho qualquer dúvida que essa profissão tem muito ainda em que contribuir para as próximas gerações”, pensa.
Plenamente ciente de seu papel, compreende e elabora com clareza quem é esse profissional. “O assistente social é o profissional capacitado para atuar na elaboração e execução de políticas públicas, sejam elas governamentais ou não governamentais, objetivando a garantia de direitos e acesso aos bens comuns. Em síntese, é o profissional preparado para compreender a sociedade, suas contradições, problemas e intervir para a melhoria de vida em geral”.
Especialista em Gestão de Políticas Públicas e Mestrado em Serviço Social, Antunes
atua profissionalmente desde 1997, na maior parte do tempo de sua carreira profissional atuou na área de criança e adolescente, mas também já atuou no sistema penitenciário e na docência do ensino superior, na UEL (Universidade Estadual de Londrina).
Hoje, a prática é especificamente na Delegacia Especializada de Polícia Civil Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes). “Além de representar a instituição e participar nas instâncias municipais e regionais da rede de proteção à criança e ao adolescente, na prática sou responsável por fazer a escuta especializada, que é o procedimento de entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade, conforme Art. 7 da Lei Federal 13.431/2017”, cita.
Frente a frente com realidades que exigem preparo especializado e bastante equilíbrio emocional, Antunes admite que as questões com as quais lida são delicadas e aprendeu a proteger as suas emoções. “Essa é uma questão fundamental, muitos profissionais que trabalham com temas sensíveis acabam tendo problemas emocionais. O assistente social normalmente não faz nenhum tipo de supervisão profissional ou terapia, mas deveria, como fazem os psicólogos. Particularmente, sempre consegui deixar as questões difíceis que lido no cotidiano fora da minha vida pessoal. Há 10 anos, comecei a correr como válvula de escape. Eu me encontrei na corrida de rua, especialmente nas longas distâncias. Hoje sou ultramaratonista amador, treino seis dias na semana e vejo o esporte como algo fundamental para eu estar equilibrado para o meu trabalho”, revela.
DESIGUALDADES SOCIAIS
Formada pela UEL em 2000 e com pós-graduação em Saúde Pública com Abrangência em Saúde da Família, Serviço Social e Políticas
Públicas Serviço Social Organizacional, a assistente social Janaina Arruda Messias tem uma trajetória associada ao aprimoramento e à atualização de seu dever. Atualmente, Messias dedicase à ONG (organização não governamental) ESPRO-Ensino Social Profissionalizanteque atua com adolescentes e seus familiares.
Assim como Antunes, a inclinação para a área de humanas e a servir ao próximo foram significativos e muito jovem ela já sabia qual seria sua ocupação no mercado de trabalho. “Quando estava no Ensino Médio, minha mãe trabalhava com a Marcia Lopes, reconhecida assistente social que já trabalhou como ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e foi minha professora na Supercreche”, recorda. Desde esse período, a assistente social percebeu a desigualdade social existente no País e procurou, por meio de sua inquietação, o que fazer. “Sabia que precisava ser uma profissão na qual eu atuasse
Muitos profissionais que trabalham com temas sensíveis acabam tendo problemas emocionais”