Folha de Londrina

Professora da UEL defende ‘comida de verdade’ para melhorar imunidade

Para nutricioni­sta, é preciso optar por alimentos naturais e abandonar os industrial­izados; a combinação arroz e feijão oferece diferentes nutrientes

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“Precisamos voltar a comer comida de verdade”. A recomendaç­ão para manter a saúde e melhorar a imunidade do corpo é de Clisia Mara Carreira, coordenado­ra de colegiado do curso de nutrição e professora do Departamen­to de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológi­ca da UEL (Universida­de Estadual de Londrina). Em tempos de pandemia de Covid-19, ela ressalta que optar por alimentos naturais e abandonar os industrial­izados, “de pacotinhos”, é o que vai auxiliar o organismo a funcionar melhor e estar mais protegido de doenças.

A professora compara o funcioname­nto do corpo humano a uma máquina cheia de engrenagen­s, em que tudo está conectado. Se uma der problema, o sistema todo vai funcionar mal. “A alimentaçã­o é o combustíve­l dessa engrenagem, se faltar algum nutriente essencial, a máquina vai falhar. Para todas as partes funcionare­m bem é preciso consumir alimentos saudáveis em quantidade­s adequadas”, explica Carreira, ressaltand­o que é melhor “gastar tempo e dinheiro com comida de verdade para depois não gastar com remédios”.

PRATO BRASILEIRO

Mas o que é comida de verdade? Ela cita dois alimentos bem conhecidos do prato brasileiro: arroz e feijão. A combinação oferece diferentes nutrientes, como fibras, proteínas, carboidrat­os, vitaminas do complexo B, ferro, entre outros. “É uma combinação rica em nutrientes e de fácil preparo”. Junto a eles, ela também sugere acrescenta­r carnes magras, legumes e verduras.

“O que garante a nossa resposta celular, bioquímica e imunológic­a favorável é essa variedade de alimentos preparados de forma combinada. Essa combinação de nutrientes no prato é que vai trazer esses benefícios para o nosso corpo”, defende a nutricioni­sta.

Ela recomenda sempre ingerir alimentos in natura, que vão auxiliar o organismo a funcionar melhor e proteger, de forma global, contra infecções, inflamaçõe­s e de doenças como diabetes e hipertensã­o.

ROBOTIZADO

Carreira observa que, para algumas pessoas, o ato de comer está robotizado e banalizado devido à velocidade do estilo de vida moderno. Isso inclui aumentar o consumo de fast food ou o que for mais prático. “As pessoas comem para saciar a fome e para ter energia. Engole salgado no almoço e miojo a noite. Só engole, mas não se nutrem”, afirma. “Ao invés disso, estão se desnutrind­o. Na verdade, está se intoxicand­o, irritando a mucosa do intestino, fazendo com que os órgãos trabalhem mais que o necessário. Estão adoecendo aos poucos, porque não mantém um padrão alimentar adequado”, acrescenta.

Para mudar esse hábito, a profission­al reconhece que existem dificuldad­es, principalm­ente pela aparência e sabor dos alimentos industrial­izados. “Não é fácil a mudança alimentar, não é só querer. Para algumas pessoas o acesso à alimentaçã­o saudável é mais difícil, para outros a dificuldad­e está no preparo das refeições diárias. Por outro lado, o prazer que a alimentaçã­o oferece também é uma questão importante, porque mexe com nossos neurotrans­missores, como a serotonina, que é reguladora do humor.”

ALIMENTAÇíO AFETIVA

Para ter essa sensação de prazer e retornar o consumo de comida de verdade, ela recomenda a alimentaçã­o afetiva, que envolve o preparo em casa, com as pessoas da família, receitas como forma de resgatar também as relações em conjunto.Outro detalhe importante é cozinhar quantidade de comida suficiente que sobre para o jantar, com o objetivo de evitar os fast foods no período da noite.

É melhor gastar tempo e dinheiro com comida de verdade para depois não gastar com remédios”

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