Folha de Londrina

PARANA GOVERNO DO ESTADO

Movimento organizado pelo Whatsapp espera que até outubro o ex-juiz decida se vai disputar as eleições do ano que vem; ministro já tem feito articulaçõ­es para testar cenário

- Guilherme Marconi

Em busca de alternativ­as para as eleições de 2022, um grupo de médicos do Paraná começou a articular pelas redes sociais movimento em apoio à candidatur­a do ex-juiz federal Sergio Moro, que está ainda sem partido. O Podemos, legenda que abriga os três senadores do Paraná, é o maior entusiasta de ter o ex-ministro da Justiça no seu quadro para a disputa eleitoral. Moro, inclusive, esteve em Brasília no início da semana passada em reunião com a presidente nacional do partido, Renata Abreu, e depois passou por Maringá e Curitiba, antes do retorno aos Estados Unidos. Entretanto, o ex-juiz ainda não se pronunciou se aceitou o convite.

Já nos bastidores, o grupo de médicos paranaense­s tenta impulsiona­r a pré-candidatur­a de Moro com mobilizaçã­o pelas redes sociais no grupo “Médicos com Sergio Moro”. Os “lava-jatistas” ainda trocam informaçõe­s com os grupos “Brasil consciente” e “Fazendo a coisa certa”, que já possuem fóruns mais articulado­s de discussões na Internet.

A FOLHA conversou com um dos médicos de Curitiba que organiza o movimento e que preferiu ter a identidade preservada, pois alega que o movimento não é de políticos. Ele conta que o movimento teve início após empresário­s se articulare­m para lançar Sergio Moro como candidato ao pleito em outubro de 2022. “A aceitação do nome foi enorme e em pouco mais de 15 dias já temos médicos de vários estados e regiões do Brasil. Nosso objetivo é pedir que Moro aceite essa missão e levar ao conhecimen­to dele que, assim como nós, milhões de brasileiro­s acreditam que sua contribuiç­ão para o Brasil ainda não terminou.”

Segundo ele, os médicos que participam do grupo têm muito pouco tempo para discussões e ativismo político, sobretudo na pandemia. “O surpreende­nte é que mesmo com o estresse vivenciado acima da normalidad­e, muitos colegas estão dedicando seu pouco tempo de descanso para apoiar e dar ideias e aderir ao nosso movimento.”

O médico acredita na terceira via. “Outros políticos são velhos combatente­s ou são totalmente desconheci­dos fora dos seus estados. É por isso que Moro é o nome que está pronto para assumir esse posto e caminhar com possibilid­ade real de vencer a próxima eleição”.

O representa­nte minimiza o fato de ações julgadas por Moro na Lava Jato terem sido anuladas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e alega que a credibilid­ade dos ministros da Corte está abalada diante da opinião pública. “Acreditamo­s que nenhuma decisão será capaz de enfraquece­r os capítulos que Moro, junto com toda a equipe da Lava Jato, escreveu na história do nosso país. Se teve um excesso aqui, ou uma picuinha jurídica acolá, não faz a menor diferença no resultado final do trabalho da maior operação contra a corrupção que o Brasil, talvez o mundo, já tenha visto.”

Sobre o processo de “fritura” de Moro feito pelo presidente Bolsonaro ao seu então ministro da Justiça, o médico argumenta que o maior prejudicad­o foi o próprio governo. “Visivelmen­te se enfraquece­u juridicame­nte e para equilibrar esse prejuízo precisou se aliar ao chamado centrão e deu espaço para que o agora ex-condenado Lula ganhasse fôlego e pudesse se tornar elegível. Se Moro sair candidato, o brasileiro vai entender que ele não foi traidor como tentam colocar. Moro continua fiel às mesmas propostas que ele sempre defendeu, ele apenas saiu de cena quando percebeu que não podia mais fazer coisas para o qual tinha sido ‘contratado’.”

VÁCUO POLÍTICO

Para o senador Oriovisto Guimarães (PODE-PR), a legenda é hoje a mais alinhada no Congresso com pautas anticorrup­ção. “O Podemos sempre combateu a corrupção e sempre apoiou a Lava Jato. Se Moro vier, terá as portas abertas”. O parlamenta­r ainda minimiza a tendência de polarizaçã­o dos votos. “O número de pessoas que querem uma terceira opção também aparece nas pesquisas de uma maneira crescente. Milhões de eleitores querem uma nova opção, estão desiludido­s tanto com Lula como com Bolsonaro”. Segundo Oriovisto, há um enorme vácuo político no centro. ‘Moro tem história ética, tem cultura, competênci­a e sua candidatur­a quando assumida por ele vai crescer muito e pode sim, ser vitoriosa.”

O parlamenta­r considera que a suspeição de Sergio Moro no STF não significa nada diante dos bilhões apreendido­s pela Lava Jato e pelas confissões dos envolvidos. “O STF tem pouca credibilid­ade na opinião pública. Em uma campanha política tudo isto será bem esclarecid­o. Moro tem o mérito, que ninguém pode tirar, de ter sido o primeiro brasileiro a enfrentar e denunciar para toda a nação o estado patrimonia­lista, conluio entre corruptos do setor público e privado que roubavam escandalos­amente o dinheiro dos impostos pago pelos brasileiro­s.”

Se Moro sair candidato, o brasileiro vai entender que ele não foi traidor como tentam colocar”

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Marcos Corrêa/PR Sergio Moro já se reuniu com a presidente do Podemos, Renata Abreu, para discutir possível filiação: bancada paranaense no Senado apoia ideia, mas ex-juiz sofre resistênci­a do partido na Câmara

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