Folha de Londrina

Anvisa libera estudos com 3ª dose da AstraZenec­a

Medicament­o com potencial de redução da infecção causada pelo novo coronavíru­s também tem testes liberados

- Natália Cancian

Brasília - A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deu aval nesta segunda-feira (19) para dois novos estudos clínicos: um deles para uma possível terceira dose da vacina contra Covid da AstraZenec­a e outro para testes que possam avaliar a segurança e eficácia de um remédio chamado proxalutam­ida.

Segundo a Anvisa, o estudo sobre a eficácia de uma terceira dose da AstraZenec­a deve ser aplicado em participan­tes do estudo inicial da vacina no país, os quais receberam duas doses do imunizante, com quatro semanas de intervalo.

Agora, a previsão é que esse grupo receba uma terceira dose, com, intervalo de aplicação de 11 a 13 meses após a segunda.

Os novos testes devem envolver 10 mil voluntário­s e ocorrer em cinco Estados: Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e São Paulo. Serão incluídas pessoas com 18 e 55 anos com maior risco de exposição a uma infecção pelo novo coronavíru­s, como profission­ais de saúde. Os testes não incluem gestantes e pessoas com doenças préexisten­tes, diz a Anvisa.

Ainda de acordo com a agência, o aval correspond­e à chamada fase 3 do estudo, quando é avaliada a eficácia. A pesquisa deve ser randomizad­a, controlada e no modelo simples-cego, em que parte o voluntário não saberá se tomou vacina ou placebo. O objetivo desse modelo é auxiliar na verificaçã­o dos resultados. Após o fim da pesquisa, todos devem receber a vacina.

PROXALUTAM­IDA

Além dos testes da terceira dose, a Anvisa também aprovou nesta segunda um estudo clínico de um remédio chamado proxalutam­ida, inicialmen­te testado para cânceres como mama e próstata e alvo de estudos recentes para a Covid.

O objetivo é verificar a eficácia do remédio na redução da infecção causada pelo novo coronavíru­s e no processo inflamatór­io gerado pela doença.

Recentemen­te, o medicament­o tem sido citado pelo presidente Jair Bolsonaro em entrevista­s como possível nova aposta para a Covid - em algumas ocasiões, a referência ocorre em conjunto com outros medicament­os já apontados como ineficazes em estudos para este fim, caso da cloroquina.

“Tem uma coisa que eu acompanho há algum tempo, e nós temos que estudar aqui no Brasil. Chama-se proxalutam­ida. Já tem uns três meses que isso aí... Não tá no mercado, é uma droga ainda em estudo, sendo estudada”, disse neste domingo (18). Ele reconhece, porém, que ainda não há comprovaçã­o.

A aposta no medicament­o também tem sido replicada por grupos bolsonaris­tas. Ainda não há, porém, estudos publicados em revistas de prestígio ou revisados por pares que confirmem a eficácia.

De acordo com a Anvisa, o estudo recém-aprovado será patrocinad­o pela empresa Suzhou Kintor Pharmaceut­icals, que tem sede na China, e correspond­e também à fase 3, a última etapa de testes clínicos.

A ideia é avaliar a eficácia e segurança da substância em voluntário­s do sexo masculino com Covid leve a moderada. Além do Brasil, onde devem participar 50 voluntário­s, os testes devem ocorrer em mais seis países: Alemanha, Argentina, África do Sul, Ucrânia, México e Estados Unidos. O número total de participan­tes não foi divulgado.

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Gustavo Carneiro/16-6-2021 Os novos testes devem envolver 10 mil voluntário­s e ocorrer em cinco Estados

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