Folha de Londrina

Pátria amada e não armada

- Padre José Rafael Solano Durán, sacerdote da Arquidioce­se de Londrina

A arquidioce­se de Londrina, ao longo da sua história, tem tido grandes pastores. Cada um deles assistido e iluminado pela graça do Espírito Santo! Cada um deles tem ocupado lugares de grande importânci­a dentro da Igreja do Brasil e na CNBB. Dom Geraldo Fernandes foi vice-presidente; dom Geraldo Majella, presidente; dom Albano Cavallin, presidente da Comissão Bíblica Catequétic­a; dom Orlando Brandes, presidente da Comissão Vida e Família; e, atualmente, dom Geremias Steinmetz, presidente do Regional Sul II.

Cada um deles tem servido esta Igreja com dedicação e afinco. Tem se colocado como aqueles que servem. Pelo fato de serem batizados como todos aqueles e aquelas que recebemos o batismo; receberam eles também a missão de serem sacerdotes, profetas e Reis.

O profetismo sempre foi analisado desde diversos ângulos pela exegese bíblica. O projeto do profeta é aquele de falar em nome de Deus. Sua vida depende do querer de Deus e precisamen­te por isso o profeta, quando fala, incomoda e traz insatisfaç­ão. O profeta não acredita na glória humana, nas “curtidas” dos seus ouvintes. O profeta sabe muito bem que a rejeição e agressão serão o pão de cada dia.

A belíssima homilia de Dom Orlando Brandes na Basílica de Nossa Senhora de Aparecida no passado 12/10/21 foi uma peça não só teológico magistral; foi sim a voz de um PROFETA! Diga-se de passagem que os textos homilético­s de dom Orlando são de uma riqueza e esplendor únicos.

Pátria amada e não armada! Expressão que estremeceu todos os cantos do Brasil!

Pátria amada e não armada, profecia que chega ao coração de todos os homens e mulheres de boa vontade e que por isso propõem a paz e não a guerra.

Pátria amada e não armada porque tudo se perde com a guerra.

Pátria amada e não armada porque o diálogo é o único caminho para construirm­os pontes e não muros.

Um irmão deputado do estado de São Paulo agrediu verbalment­e a dom Orlando, ao Santo Padre Francisco, à CNBB e, claro, a todos nós membros da Igreja. O deputado Frederico D’Avila. Tenho certeza, prezado irmão, de que se a vida nos desse a possibilid­ade de nos encontramo­s poderíamos falar de maneira humana e sensata.

Quero te expressar os meus sentimento­s através deste Espaço Aberto. Sinto por ti uma dor imensa! Talvez não possas medir a gravidade das tuas palavras, mas algo que posso te dizer é que as tuas ofensas já foram perdoadas e as tuas críticas e agressões já foram colocadas diante do coração manso e doce de Jesus.

Talvez não consigas imaginar quanto as tuas palavras me encorajara­m para amar ainda mais e de forma profética a minha Igreja e seus pastores. Percebi que tu não sabes quem é dom Orlando, um homem de diálogo, de aproximaçã­o, homem culto e inteligent­e.

Não sabes quem é o papa Francisco, um profeta dos nossos dias. Sua humanidade e alegria contagiant­es incomodam sim, mas curam.

Percebi que não sabes quais são as raízes da CNBB, organismo eclesial que ao longo da sua história tem tido grandes testemunha­s de paz e profetismo como dom Helder Câmara e dom Luciano Mendes de Almeida.

Percebi claramente que não sabes o verdadeiro significad­o do termo “teologia da libertação” na sua riqueza e profundida­de. Por isso gostaria um dia de dialogar contigo e poder te ouvir sem que me grites, sem que me ofendas e muito menos sem que me difames.

Te acolho Frederico e te convido, independen­temente da religião que professes a fazer uma romaria até Aparecida. Ir até o Santuário e assim como todos os romeiros e romeiras te aproximare­s da simples e doce imagem da Mãe morena e proferir estas belas palavras: “Ó clemente, Ó piedosa, Ó doce Virgem Maria”.

Depois podes pedir para encontrar o dom Orlando, tenho plena certeza de que ele vai te acolher com seu sorriso inconfundí­vel e no seu abraço encontrará­s os braços de Deus que te abraça e te acolhe.

A paz só pode ser construída a partir do encontro com os outros. Serás um grande profeta se propõe a paz e não a guerra. Podes ter certeza, caro Frederico, de que muitos de nós também te abraçamos e acolhemos.

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