Folha de Londrina

Renan quer cobrar Barros, Prevent e mais 8 por dano moral coletivo

Além do líder do governo na Câmara e operadora, senador sugere ação civil pública contra Carlos Wizard e médica Nise Yamaguchi, entre outros, na versão mais recente do relatório da CPI da Covid

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Brasília

- O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, quer cobrar de políticos, médicos e empresário­s danos morais coletivos causados na pandemia pela defesa do “kit Covid” e da imunidade de rebanho.

Na versão mais recente da minuta de relatório da CPI, Renan sugere ação civil contra o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), o deputado Osmar Terra (MDBRS), a médica Nise Yamaguchi e o empresário Carlos Wizard.

Além deles, o relator recomenda cobrar a Prevent Senior, o ex-assessor da Presidênci­a Arthur Weintraub, o médico Luciano Dias Azevedo, o virologist­a Paolo Zanotto, a Associação Médicos pela Vida e o laboratóri­o Vitamedic.

Renan não apresenta uma estimativa do valor deste dano coletivo. As conclusões do senador sobre possíveis responsabi­lidades civis destes nomes constam de minuta do relatório da CPI da Covid.

Após mal-estar entre os senadores pelo vazamento do relatório, Renan deve apresentar o texto ao colegiado nesta quarta-feira (20). A votação sobre o parecer está marcada para o próximo dia 26.

O senador propõe que o MPF (Ministério Público Federal) apresente ação contra quem promoveu “de forma sistemátic­a” a difusão do tratamento precoce com medicament­os sem eficácia para Covid-19, como a hidroxiclo­roquina, e estimulou a política de contaminaç­ão para adquirir imunidade de rebanho.

ALTERAÇÕES

A sugestão de abrir processos por dano moral coletivo aparece duas vezes no relatório, com pequenas alterações na lista de alvos do senador. O texto ainda está sendo consolidad­o.

Em outro trecho do relatório preliminar, ele cita ação do

MPF do Rio Grande do Sul contra a associação Médicos Pela Vida. A Procurador­ia pede que a entidade pague R$ 10 milhões, ou valor definido pelo juiz, por danos à saúde e moral coletivo.

Renan aponta que os nomes que devem arcar com danos morais participar­am do que a CPI chama de “gabinete paralelo” ou defenderam, em outros espaços, políticas sem embasament­o científico.

Uma das principais produtoras de ivermectin­a do Brasil, a Vitamedic bancou a publicação de anúncios da Associação

Médicos Pelo Brasil em defesa do tratamento precoce.

O laboratóri­o e a entidade não constam da lista de pedidos de indiciamen­to do relatório preliminar de Renan, diferentem­ente dos outros nomes que o relator sugere que paguem por danos morais coletivos. Além de recomendar que o MPF ajuíze a ação civil e indicie Barros, o relator deve pedir que a Receita Federal aprofunde investigaç­ões sobre as empresas do líder do governo.

RICARDO BARROS

Renan reservou 20 páginas para descrever as ações de Barros na pandemia. Este trecho do relatório cita relação do líder do governo com laboratóri­os que ofereceram vacinas ao Ministério da Saúde e dados de movimentaç­ões das próprias empresas de Barros.

O senador também aponta que Barros foi um defensor da política de imunidade de rebanho. O texto mostra entrevista­s em que o deputado minimiza o impacto da pandemia e afirma que apenas idosos e pessoas doentes deveriam ser isolados.

“Comentou que estudos comprovam que a imunidade vertical causa efeito mais produtivo na saúde. Diz que, se nada for feito (em relação a medidas farmacológ­icas), seriam necessário­s entre 60 e 90 dias para que a doença se espalhasse e a população alcançasse a imunidade de rebanho”, diz o relatório sobre Barros.

O deputado nega as acusações da CPI e disse, nas redes sociais, que irá processar Renan por abuso de autoridade e denunciaçã­o caluniosa. “Todos os ouvidos pela CPI, sem exceção, negaram meu envolvimen­to. Só por ser líder do governo ele quer me atacar no relatório da CPI”, escreveu Barros, no Twitter, no dia 15.

O senador argumenta que um grupo de assessoram­ento informal do presidente Jair Bolsonaro era composto por defensores do tratamento precoce e da imunidade de rebanho.

Aviso: Excepciona­lmente, a coluna de Luiz Geraldo Mazza está publicada somente no site da FOLHA (www.folhadelon­drina.com.br)

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Pedro França/Agência Senado Relator Renan Calheiros (MDB-AL) não apresenta no documento estimativa do valor do dano coletivo: texto deve ser apresentad­o hoje ao colegiado, e a votação sobre o parecer está marcada para dia 26
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