Folha de Londrina

Mil dias da tragédia de Brumadinho

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A tragédia de Brumadinho, pior desastre em uma barragem em todo o mundo na última década, completou nesta quinta-feira (21) mil dias. O rompimento da barragem da Vale, no município mineiro, em 25 de janeiro de 2019, matou 262 pessoas. Bombeiros ainda continuam as buscas por outras oito vítimas que estão desapareci­das.

A partir de agora o governo de Minas vai adotar uma nova estratégia para tentar localizar as vítimas, com a instalação de cinco estações que farão a separação prévia do rejeito de minério a ser vistoriado, a partir de sua granulomet­ria. Segundo os militares, a separação pela granulomet­ria otimiza o processo, pois elimina as partículas mais finas, deixando apenas o objeto de interesse dos vistoriado­res. Entre as partículas maiores podem ser encontrado­s restos de corpos, que são encaminhad­os para análise e identifica­ção no Instituto Médico Legal.

As máquinas funcionam 24 horas por dia. Durante o dia, duas pessoas são responsáve­is por analisar o material que, após peneirado, passa por esteiras rolantes. À noite, o equipament­o continua fazendo a separação das partículas a serem observadas no dia seguinte.

Segundo o Corpo de Bombeiros, a operação de busca em Brumadinho é a maior da história do país. Ao longo dos mil dias, 4.142 pessoas estiveram envolvidas e não há previsão de término dos trabalhos.

É triste também constatar que mil dias depois, o drama das famílias atingidas pela tragédia de Brumadinho continua. Somente agora, as famílias e prefeitos de cidades atingidas receberam detalhes, por parte do governo de Minas Gerais, de uma consulta popular que será realizada com os atingidos pelo rompimento da barragem. A ideia é que o procedimen­to ajude a definir como será usado parte dos recursos do acordo de R$ 37 bilhões firmado com a Vale.

Até agora ninguém foi responsabi­lizado pelo desastre e uma reviravolt­a na Justiça pode prolongar por mais tempo ainda qualquer condenação. O Superior Tribunal

de Justiça decidiu que a ação criminal sobre o rompimento da barragem de Brumadinho deve ser julgada pela Justiça Federal, e não pela Justiça do Estado de Minas Gerais. A decisão tira do banco dos réus o ex-presidente da Vale Fábio Schvartsma­n e outras 15 pessoas, entre funcionári­os da mineradora e da empresa alemã TÜV SÜD, contratada para atestar a segurança da barragem em Brumadinho.

Se no Brasil, país onde ocorreu o desastre, o processo na Justiça caminha lentamente, o mesmo não acontece na Alemanha. Em Munique, já começou o julgamento da TÜV SÜD, acusada de negligênci­a por atestar a segurança de uma barragem que se rompeu e de aplicar padrões de verificaçã­o que não atendem às exigências internacio­nais. Ao que tudo indica, na Alemanha, a justiça do caso Brumadinho será feita muito antes do que no Brasil. Outro 7 a 1 que teremos que aceitar.

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