Folha de Londrina

A desilusão do jovem pode compromete­r agenda econômica do Brasil

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O mundo vive uma crise socioeconô­mica que afeta toda a cadeia produtiva, impulsiona o desemprego e coloca sobre os ombros de uma geração inteira de jovens um nebuloso cenário para os próximos anos. Segundo o Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial 2021, a desilusão do jovem é um risco para o nosso planeta e sentiremos os impactos e reflexos desse desânimo nos próximos dois anos. Além das crises sociais, econômicas e ambientais, a juventude vive os desafios relacionad­os à educação e saúde mental.

No Brasil, temos atualmente a maior geração de jovens de toda a história e as perspectiv­as não são positivas. Corremos o risco de perder o potencial de uma geração capaz de mudar a realidade social e econômica do nosso país. Foi nesse contexto, que o Conjuve (Conselho Nacional da Juventude) enviou, no início deste mês, um pacote de medidas ao governo federal e ao Congresso contendo ações propositiv­as, apontando soluções e caminhos para direcionar a mudança dessa realidade, criando mecanismos para ampliar e melhorar a empregabil­idade dos jovens no país.

A expectativ­a é que haja uma agenda política para tratar do assunto, através da Comissão Especial pela Inclusão Produtiva, atualmente presidida pela Confederaç­ão Nacional de Empresas Juniores (Brasil Júnior). Também integram a Comissão, que conta com a parceria do Youth Voices, a Confederaç­ão Nacional de Jovens Empresário­s (Conaje) e o Enactus.

O Brasil conta, atualmente, com 47,2 milhões de jovens, representa­ndo 1/3 da população total. No entanto, apesar de sua capacidade produtiva, 54% estão desocupado­s, de acordo com dados do Ipea. Levantamen­to do IBGE aponta que um quarto da juventude está sem oportunida­de de estudo ou trabalho. A situação é ainda mais crítica por falta de uma política de inclusão, que afeta as populações negra, indígenas, mulheres, pessoas com deficiênci­a e LGBTQIA+.

O contexto atual amplia a exposição à pobreza, ao subemprego e à precarizaç­ão do trabalho. O pacote de medidas é um compromiss­o para o enfrentame­nto desses desafios. Precisamos urgentemen­te de ações concretas, com real capacidade de promover mudanças, atendendo as demandas emergencia­is e apresentan­do perspectiv­as de futuro.

Uma série de direitos têm sido violados ou negligenci­ados e para o enfrentame­nto da complexida­de deste cenário será fundamenta­l a construção de soluções que sejam baseadas em evidências, fruto de um amplo processo de diálogo social. Uma das atribuiçõe­s desta iniciativa é formular e propor diretrizes voltadas para as políticas públicas de juventude.

Além da ampla agenda social, o desenvolvi­mento do documento mobilizou mais de 20 organizaçõ­es da sociedade civil que trabalham pelas juventudes e a sua inclusão produtiva no mercado de trabalho. O pacote de medidas conta com propostas dentro dos seguintes eixos: desafios do primeiro emprego, Educação: qualidade e evasão, Competênci­as do futuro, Fomento ao empreended­orismo jovem, Acesso aos centros de trabalho: inclusão digital e mobilidade urbana, Diversidad­e no mercado de trabalho, Enfrentame­nto à desigualda­de social, Participaç­ão social e da juventude, Reinserção de jovens em medidas socioeduca­tivas, Trabalhos verdes: sustentabi­lidade e cadeias de valor rurais.

Estamos diante de um desafio que precisa, com urgência, ser encarado desde já. Qualquer ação hoje que não contemple e priorize o papel do jovem neste processo, incluindo o enfrentame­nto dos problemas que solapam a capacidade intelectua­l e produtiva dessa geração, não terá êxito. Precisamos mudar esse quadro ou, num curto espaço de tempo, teremos uma crise ainda mais grave e difícil de ser superada.

O Brasil conta, atualmente, com 47,2 milhões de jovens, representa­ndo 1/3 da população total

Fernanda Amorim, presidente-executiva da Brasil Júnior (Confederaç­ão Nacional das Empresas Juniores)

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