Bolsonaro volta a desdenhar vacina e enaltecer ‘kit Covid’
Declarações foram feitas um dia depois do relatório da CPI do Senado apontar o presidente como principal responsável pelo agravamento da crise sanitária
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender nessa quinta-feira (21) o uso de medicamentos ineficazes contra a Covid e desdenhou da eficácia das vacinas para o enfrentamento da doença que já matou mais de 600 mil pessoas no país.
“Eu também fui acometido [pela Covid], tomei hidroxicloroquina, no dia seguinte estava bom. Será que é porque é barato? Ainda continua em interrogação o tratamento”, disse Bolsonaro durante evento de inauguração de trecho da Transposição do Rio São Francisco, em São José de Piranhas, na Paraíba.
As falas do presidente ocorreram um dia após a leitura do relatório da CPI da Covid no Senado, elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). O documento será votado na próxima semana pela comissão.
O parecer do relator aponta Bolsonaro como um dos principais responsáveis pelo agravamento da crise sanitária e sugere que o presidente seja responsabilizado e investigado por nove crimes na pandemia, entre eles um contra a humanidade.
Além dos discursos, Bolsonaro assinou decretos para driblar decisões estaduais e municipais, manteve contato com pessoas na rua e vetou o uso obrigatório de máscaras em escolas, igrejas e presídios - medida que acabou derrubada pelo Congresso. Até hoje ele não se vacinou contra a Covid.
No discurso de ontem Bolsonaro pôs em xeque a eficácia das vacinas contra a Covid e criticou medidas de estados e municípios que têm exigido comprovante de vacinação para entrada em espaços públicos e privados nas flexibilizações da pandemia.
“Temos governadores e prefeitos exigindo passaporte vacinal. O nosso ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mesmo vacinado com a segunda dose, contraiu a Covid. Outras pessoas da minha comitiva que estavam vacinadas com a segunda dose contraíram o vírus. É uma grande interrogação a Covid-19”, disse.
Desde o surgimento das vacinas, Bolsonaro tem feito críticas aos imunizantes. Nessa quinta, na Paraíba, ele reafirmou que não foi vacinado.
“Ofertamos a todos do Brasil a oportunidade de todos se vacinarem. Isso não quer dizer que a vacina seja obrigatória. Jamais defenderemos isso. Eu não tomei a vacina, quem quiser seguir meu exemplo que siga, quem não quiser que não siga, isso é liberdade.”