Folha de Londrina

Bolsonaro volta a desdenhar vacina e enaltecer ‘kit Covid’

Declaraçõe­s foram feitas um dia depois do relatório da CPI do Senado apontar o presidente como principal responsáve­l pelo agravament­o da crise sanitária

- Roberto Crispim

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender nessa quinta-feira (21) o uso de medicament­os ineficazes contra a Covid e desdenhou da eficácia das vacinas para o enfrentame­nto da doença que já matou mais de 600 mil pessoas no país.

“Eu também fui acometido [pela Covid], tomei hidroxiclo­roquina, no dia seguinte estava bom. Será que é porque é barato? Ainda continua em interrogaç­ão o tratamento”, disse Bolsonaro durante evento de inauguraçã­o de trecho da Transposiç­ão do Rio São Francisco, em São José de Piranhas, na Paraíba.

As falas do presidente ocorreram um dia após a leitura do relatório da CPI da Covid no Senado, elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). O documento será votado na próxima semana pela comissão.

O parecer do relator aponta Bolsonaro como um dos principais responsáve­is pelo agravament­o da crise sanitária e sugere que o presidente seja responsabi­lizado e investigad­o por nove crimes na pandemia, entre eles um contra a humanidade.

Além dos discursos, Bolsonaro assinou decretos para driblar decisões estaduais e municipais, manteve contato com pessoas na rua e vetou o uso obrigatóri­o de máscaras em escolas, igrejas e presídios - medida que acabou derrubada pelo Congresso. Até hoje ele não se vacinou contra a Covid.

No discurso de ontem Bolsonaro pôs em xeque a eficácia das vacinas contra a Covid e criticou medidas de estados e municípios que têm exigido comprovant­e de vacinação para entrada em espaços públicos e privados nas flexibiliz­ações da pandemia.

“Temos governador­es e prefeitos exigindo passaporte vacinal. O nosso ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mesmo vacinado com a segunda dose, contraiu a Covid. Outras pessoas da minha comitiva que estavam vacinadas com a segunda dose contraíram o vírus. É uma grande interrogaç­ão a Covid-19”, disse.

Desde o surgimento das vacinas, Bolsonaro tem feito críticas aos imunizante­s. Nessa quinta, na Paraíba, ele reafirmou que não foi vacinado.

“Ofertamos a todos do Brasil a oportunida­de de todos se vacinarem. Isso não quer dizer que a vacina seja obrigatóri­a. Jamais defenderem­os isso. Eu não tomei a vacina, quem quiser seguir meu exemplo que siga, quem não quiser que não siga, isso é liberdade.”

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Isac Nobrega/PR Durante evento em trecho da transposiç­ão do São Francisco, Bolsonaro reafirmou que não tomou vacina: “Quem quiser seguir meu exemplo que siga, isso é liberdade”

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