Folha de Londrina

Discussão sobre bonecas trans domina sessão na Câmara

Vereadores justificam proximidad­e do Natal e aprovam pedido de indicação ao prefeito, governador e presidente para que não autorizem comerciali­zação desse tipo de brinquedo

- Guilherme Marconi

Vereadores da bancada evangélica e de raiz bolsonaris­ta de Londrina discutiram um assunto no mínimo inusitado na sessão plenária da Câmara Municipal nessa quinta-feira (21). O vereador Ailton Nantes (PP) enviou o pedido de indicação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ao governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e ao prefeito Marcelo Belinati (PP) pedindo providênci­as para proibir a fabricação, venda e distribuiç­ão de brinquedos com personagen­s transgêner­os às crianças.

Segundo Nantes, um histórico de fatos o levou a se preocupar com o tema. Ele disse que em 2014 uma criança na Argentina comprou uma boneca com vestimenta­s femininas, mas que tinha órgão sexual masculino. “Em 2017, no auge da discussão de ideologia de gênero no Estados Unidos, foi lançada uma boneca trans. Em 2018 lojas são fechadas no Paraguai por estarem fabricando bonecas dessa natureza. Como percebemos que há uma movimentaç­ão mundial para fabricação deste tipo de brinquedos e estamos à porta do período do Natal, por isso indicamos a todas instâncias para que fiquem atentas e não autorizem. Uma pessoa adulta tem todo o direito de escolher o que quer da vida, mas uma criança não”, afirmou.

POSICIONAM­ENTOS

Liderança da igreja Universal, o vereador Emanoel Gomes (Republican­os) elogiou o encaminham­ento feito por Nantes. “Nossas crianças estão sendo atingidas, seus direitos estão sendo roubados. Através das escolas com material didático e tantas outras coisas que de forma sorrateira vêm de encontro de nossas crianças. Precisamos nos posicionar sim.”

A vereadora Lenir de Assis (PT) relembrou a pauta recente que foi derrubada pela Câmara Municipal - a criação do Conselho Municipal LGBT, que foi rejeitado por 12 vereadores, mesmo com o apoio irrestrito do prefeito Marcelo Belinati, responsáve­l por encaminhar projeto de lei à Câmara para discutir a política pública. “Apesar de não ser um projeto de lei, é uma discussão posta nesta Casa. Iniciamos uma discussão séria sobre a população LGBT. A população LGBT pertence a nossa sociedade, as pessoas LGBTs estão nas escolas, estão nas igrejas, ou até isso vocês não querem enxergar? Temos que incluí-las. Esse assunto é sério, tem muito homossexua­l dentro das escolas, ou talvez não estejam porque foram retirados pelo bullyng, pelo preconceit­o por não saberem lidar com o tema.”

Homossexua­l assumida, a vereadora Jessica Moreno, eleita pela alcunha de Jessicão (PP), também elogiou a indicação do vereador Nantes. “Diariament­e

nós estamos travando uma guerra com essa ditadura gayzista. Quando você se posiciona contra a venda desse tipo de brinquedo, a pessoa já quer dizer que você é homofóbica. Isso é um saco e dificulta cada vez mais minha vida. Criança tem que ser criança, deixem nossas crianças em paz.”

O pedido de indicação contra os denominado­s brinquedos “trans” foi aprovado por 11 votos: Beto Cambará (PODE), Eduardo Tominaga (DEM), Emanoel Gomes (REP), Giovani Mattos (PSC), Jairo Tamura (PL), Madureira (PTB), Mara Boca Aberta (Pros), Roberto Fú (PDT) e Santão (PSC). Outros quatro vereadores se abstiveram sobre o tema: Chavão (PATRI), Daniele Ziober (PP), Deivid Wisley (Pros) e Matheus Thum (PP). Flavia Cabral (PTB), Lenir de Assis e Lu Oliveira (PL) votaram contra a indicação.

Indicação é a proposição em que o vereador sugere aos poderes competente­s medidas de interesse público, entretanto não tem força de lei nem de projeto de lei. Caberá ao Executivo decidir pela implantaçã­o ou não da política pública.

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Devanir Parra/Divulgação/CML Vereador Ailton Nantes (PP) enviou pedido aos chefes dos poderes Executivos
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