Folha de Londrina

Cassação de diploma de deputado pode afetar base do PSL

Subtenente Everton é acusado de receber doação ilegal de campanha; partido pode perder até quatro vagas na AL

- Vitor Struck (Colaborou Folhapress)

Enquanto o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) começou a julgar a cassação do mandato do deputado estadual Fernando Francishin­i (PSL), devido à publicação de um vídeo em que ataca as urnas eletrônica­s, outros dois filiados paranaense­s ao partido que acabou de confirmar a fusão com o DEM (Democratas) tiveram seus diplomas cassados pelo tribunal. São eles o deputado estadual Everton Marcelino de Souza, o Subtenente Everton (PSL), e o suplente de deputado federal Antonio Carlos da Silva Figueiredo.

Ambos foram acusados por um eleitor de terem recebido doações de uma associação de natureza privada, o que é proibido pela legislação eleitoral, apontou o Ministério Público Eleitoral (MPE). Na decisão, o TSE também determinou a imediata recontagem dos votos para os cargos de deputado estadual e deputado federal do estado, levando em consideraç­ão a anulação dos votos atribuídos aos candidatos. Com a medida, o quociente eleitoral cai para 97.328 votos, o que deve mudar a composição das vagas.

A “dança das cadeiras” na AL (Assembleia Legislativ­a do Paraná) também poderá ser influencia­da pela cassação do mandato de Francischi­ni.

Com a mudança, a bancada do PSL na AL – a maior da Casa - poderá cair de oito para quatro cadeiras. Desta forma, permanecer­iam com o número de votos necessário­s os deputados Coronel Lee, Delegado Fernando Martins, Luiz Fernando Guerra e Ricardo Arruda. Além de Francischi­ni e o Subtenente Everton, perderiam as vagas os deputados Do Carmo e Emerson Bacil.

A reportagem entrou em contato com o deputado Subtenente Everton, mas não obteve retorno, e não conseguiu localizar o suplente Antonio Carlos da Silva Figueiredo

A DENÚNCIA

De acordo com o MPE, Everton Marcelino de Souza, o Subtenente Everton (PSL), e suplente de deputado federal Antonio Carlos da Silva Figueiredo receberam doação de campanha por parte da Associação dos Militares da Reserva, Reformados e Pensionist­as das Forças Armadas do Paraná (AsmirPR), pessoa jurídica, o que configura conduta vedada pela legislação eleitoral, que proibiu o financiame­nto eleitoral por parte de instituiçõ­es privadas.

A denúncia aponta que a doação, de cerca de R$ 12 mil, ficou caracteriz­ada pela confecção de 19,8 mil informativ­os com pedidos expressos de votos aos candidatos distribuíd­os 20 dias antes do pleito. De acordo com o MPE, o valor doado constituir­ia 31,7% dos recursos de campanha de Antonio Carlos e 76,29% dos recursos de Everton Marcelino, não restando dúvidas sobre a relevância jurídica do ilícito mesmo sendo o valor pequeno em comparação com outras campanhas. O MPE reiterou que é vedada às associaçõe­s, como pessoas jurídicas de direito privado, fazer quaisquer doações, de qualquer espécie, para fins eleitorais.

CASO FRANCISCHI­NI

Conforme apurou a FOLHA com a assessoria do TSE, não há uma data prevista para que o julgamento contra Fernando Fransichin­i seja retomado. Na sessão realizada na segundafei­ra (18), o TSE teve três votos favoráveis à cassação. Ainda faltam quatro magistrado­s se posicionar­em, caso algum deles se alinhe aos três votos já proferidos, forma-se maioria para o parlamenta­r perder o mandato. O julgamento foi interrompi­do por um pedido de vistas de um dos ministros do tribunal.

Nos bastidores, integrante­s do tribunal avaliam que é importante impor uma pena dura ao deputado para coibir a propagação de informaçõe­s inverídica­s sobre o funcioname­nto das urnas em 2022, quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentará a reeleição.

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Daliê Felberg/Alep Deputado estadual Subtenente Everton teve o diploma cassado pelo TSE: PSL tem oito cadeiras na AL, a maior bancada da Casa
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