Folha de Londrina

PET NÃO É PRESENTE

Especialis­tas alertam que ter um cão ou gato em casa requer planejamen­to e responsabi­lidade

- Vítor Ogawa

Em muitos filmes, séries ou novelas é possível ver cães ou gatos sendo oferecidos como presentes, seja para crianças, adultos idosos. Geralmente, nessas cenas, o animal aparece com um laço de presente ou está em um pacote para surpreende­r quem vai recebê-lo. A imagem parece linda, mas oferecer um animal de estimação como presente não é uma boa escolha.

Lyonel Martinez, gerente de Vigilância Ambiental da secretaria de Saúde de Londrina, reforça que, independen­temente de ter sido comprado ou adotado, animal não é um objeto ou uma coisa, é um ser senciente, como já comprovado cientifica­mente. “Ou seja, não é algo para ser dado a alguém. Quando alguém opta por ser responsáve­l por um animal, já o deve fazer consciente no ato da escolha”, afirma.

“Se decidir por comprar, deve pesquisar e se certificar de sua origem, conhecer o criador (que deve ser legal, autorizado e com todas as licenças para tal) e os pais do filhote, bem como as caracterís­ticas da raça “, ressaltou Martinez.

Segundo ele, se a decisão for a adoção, também deve ter em mente que aquele animal possivelme­nte já passou por muitos traumas e sofrimento e deve precisar de dedicação, amor e paciência para adaptação, mas que aprende muito rápido. “Agregar um animal à família deve ser uma decisão consciente de todos os membros, e não uma opção de presente sobretudo às crianças, que não têm a maturidade necessária para assumir a responsabi­lidade por aquela vida que é o animalzinh­o.”

A presidente da ONG SOS Vida Animal, de Londrina, Mônica Barroso Maroca, acrescenta: “Muitas vezes, no primeiro espirro, o médico pergunta se há animais em casa e logo atribuem a culpa de uma alergia aos animais domésticos, que acabam abandonado­s”.

Ela observou que pessoas idosas possuem mais dificuldad­es de mobilidade e muitas vezes não têm condições de cuidar de um animal novo.

DESPESAS

Para Maroca, antes de “presentear” é preciso verificar também a vida financeira da pessoa, para saber se ela terá condições de arcar com despesas de ração, médico-veterinári­o e medicament­os, entre outros; e é preciso avaliar a estabilida­de emocional dessa pessoa. “Trata-se de uma vida. Não tem como ficar doando para quem você não sabe se vai querer receber esse presente”, ressaltou.

Rosemary Gomes Farias, da Opaa (Organizaçã­o de proteção animal de Arapongas), acrescento­u que animais de raça geram muitas despesas e as pessoas não se dão conta disso e, como consequênc­ia, são abandonado­s. “Já acolhemos cães da raça shih-tzu, lhasa apso, sharpei”, detalhou.

Por serem de raças cobiçadas e sem mistura, ela acredita que provavelme­nte foram adquiridos em lojas ou de criadores. “Isso sem dizer que alguns criadores são de fundo de quintal, em condições precárias e as matrizes dão à luz depois de cada cio e depois são abandonada­s quando não interessam mais”, ressaltou.

Para especialis­tas da empresa Royal Canin, antes de se tornar tutor de um pet é necessário realizar uma pesquisa para identifica­r as caracterís­ticas e o perfil dele, incluindo dados de comportame­nto, personalid­ade e nível de energia, a fim de encontrar um pet que tenha sinergia com o cotidiano e perfil da família para uma adaptação positiva e posse responsáve­l.

Trata-se de uma vida. Não tem como ficar doando para quem você não sabe se quer receber esse presente”

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