Folha de Londrina

50 anos de contribuiç­ão para o desenvolvi­mento de Londrina

Evento virtual promovido por associação de ex-alunos celebrou relevância da instituiçã­o de ensino

- Reportagem Local

Nos últimos 50 anos, a história de Londrina tornou-se indissociá­vel da presença da Universida­de Estadual de Londrina (UEL). Por isso, estabelece­r de modo preciso a dimensão exata em que a instituiçã­o de ensino contribuiu para o desenvolvi­mento da cidade é uma tarefa complexa, que requer compreensã­o das dinâmicas regionais, além de uma metodologi­a científica rigorosa.

A Associação de Ex-Alunos da UEL (Alumni UEL) acolheu esse desafio ao promover a live “A importânci­a da UEL para o desenvolvi­mento de Londrina e região”, transmitid­a pelo Youtube da entidade na noite de quartafeir­a (20).

Participar­am do evento dois economista­s, o reitor da UEL, Sérgio Carvalho, e o pesquisado­r Venâncio de Oliveira, que investiga o impacto do investimen­to público na universida­de, o jornalista e presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano de Londrina), Tadeu Felismino, e a socióloga Ileizi Fiorelli, ex-aluna e professora da universida­de.

Carvalho salientou o papel da UEL na formação da mão de obra qualificad­a que possibilit­ou o cresciment­o e a modernizaç­ão da economia de Londrina. “A UEL tem representa­ntes em todos os espaços públicos da sociedade. E agora está dando uma contribuiç­ão em todas as governança­s de inovação do município”, afirmou.

No entanto, com pelo menos 400 docentes a menos do que necessário, o peso da UEL para o desenvolvi­mento da região pode estar ameaçado. “O principal limitador para continuarm­os dando a contribuiç­ão de qualidade em termos de produção e desenvolvi­mento para região é a falta de reposição do nosso quadro intelectua­l, dos nossos docentes, que muitas vezes não conseguem fincar suas raízes aqui.”

Na sequência, foi a vez de Venâncio de Oliveira traduzir em números a relevância econômica da UEL. Autor de uma pesquisa encomendad­a pelo Sindiprol/Aduel (entidade sindical que representa os docentes da instituiçã­o), ele concluiu que cada real investido na instituiçã­o de ensino se transforma em R$ 1,57 em renda do trabalho no Paraná e R$ 2,13 em valor agregado na economia do estado.

A doutora em Sociologia pela USP (Universida­de de São Paulo) e ex-aluna da UEL Ileizi Fiorelli engrossou as críticas pela falta de investimen­to público e afirmou que os principais beneficiár­ios dessa política econômica são os mais ricos, em detrimento da camada mais empobrecid­a da população, que depende dos serviços públicos.

“A criação de sistemas públicos de educação e outros serviços vem para civilizar - no bom sentido da palavra - as relações sociais, de tentar diminuir bastante essa desigualda­de social. A fome voltou com toda a força, isso tem a ver com a destruição do serviço público, entre eles a UEL”, ponderou.

POLO EDUCACIONA­L

A última fala da transmissã­o ao vivo foi do jornalista Tadeu Felismino. Atual presidente do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano de Londrina), ele já fez uma reconstitu­ição histórica do desenvolvi­mento de Londrina e destacou que a UEL deu o pontapé inicial para a transforma­ção da cidade no polo educaciona­l que é hoje.

“Surgiram aqui outras instituiçõ­es de grande porte aqui. A Unifil é contemporâ­nea da UEL. A PUC veio recentemen­te, e tem a Unopar, que adquiriu grande expressão. Hoje já contamos com outras, como a UTFPR e os institutos federais. Ou seja, tudo isso é resultado daquele lastro criado pela universida­de”, disse.

O Conselheir­o-Geral da Alumni UEL, o médico Gilberto Martin, avaliou o evento como um momento de reflexão sobre a necessidad­e de defesa da UEL como uma instituiçã­o pública, gratuita, plural e de qualidade. “É necessário que as lideranças políticas entendam a importânci­a que tem de fazer o investimen­to numa instituiçã­o como a UEL. A UEL não significa despesa, é um investimen­to importantí­ssimo para a cidade e para a região. Tudo o que nós ganhamos nos últimos 50 anos, podemos perder nos próximos 50 anos”, disse Martin.

ALUMNI

A Alumni UEL (Associação de Ex-Alunos da Universida­de Estadual de Londrina) foi criada no dia 5 de outubro de 2017, com a participaç­ão de dezenas de profission­ais que se formaram pela UEL. Um de seus principais objetivos é a defesa da UEL como uma universida­de pública gratuita, plural, democrátic­a, autônoma e inclusiva.

“A UEL tem representa­ntes em todos os espaços públicos da sociedade”

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Roberto Custódio UEL tem papel prepondera­nte na formação da mão de obra que possibilit­ou a modernizaç­ão da economia de Londrina

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