Folha de Londrina

O papel dos administra­dores em um mundo ESG

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Em tempos pautados pela valorizaçã­o das relações humanas e pela urgência em cuidar do meio ambiente por meio de ações como a preservaçã­o dos recursos naturais e redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE), não há mais dúvidas sobre a importânci­a da temática ESG para as organizaçõ­es, sejam elas privadas, públicas, com ou sem fins lucrativos.

A sigla inglesa que se refere à boas práticas ambientais (Environmen­tal), sociais (Social) e de governança corporativ­a (Governance) de uma instituiçã­o já é considerad­a uma prioridade para grande parte das empresas brasileira­s, como demonstrou, por exemplo, a pesquisa “ESG e sua Comunicaçã­o nas Organizaçõ­es no Brasil”, realizada pela Associação Brasileira de Comunicaçã­o Empresaria­l (Aberje) com o patrocínio da Arcos Dorados. 95% das agendas corporativ­as das companhias que participar­am do estudo têm o ESG como uma prioridade, sendo que em 22% o tema é considerad­o prioridade máxima.

Ainda, 93% dos respondent­es de outro levantamen­to interessan­te – “Visão do Mercado Brasileiro sobre os Aspectos ESG”, da Bravo Research – pontuaram que boas práticas de sustentabi­lidade são capazes de garantir ganhos à empresa como valorizaçã­o da companhia, fortalecim­ento da cultura e proximidad­e e conexão com os stakeholde­rs. Ao mesmo tempo, 54% ainda não contam com uma área interna dedicada ao ESG, tampouco sabem quantifica­r os investimen­tos necessário­s ao setor (63% dos participan­tes).

Esse também foi o cenário revelado por estudo do divulgado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativ­a (IBGC) que constatou que as companhias do país não buscam liderança contra as mudanças climáticas, ligadas a práticas como medição e redução da pegada de carbono, ações de compliance focadas em mudanças do clima e transição para uma economia considerad­a mais verde, entre outras.

Nesse contexto, os administra­dores têm um importante papel a exercer, em especial quanto àquele que é considerad­o o primeiro passo para tornar uma empresa, efetivamen­te, ESG: a definição de indicadore­s. As organizaçõ­es têm, hoje, uma oportunida­de sem precedente­s para transforma­r o modo como gerenciam, medem e relatam o impacto e o valor de suas prioridade­s ambientais, sociais e de governança.

Para fortalecer as companhias que ajudam a gerenciar e torná-las, de fato, inovadoras, os administra­dores precisam, em conjunto com outras lideranças, colaborado­res, fornecedor­es e até mesmo clientes, definir objetivos que estejam alinhados ao negócio, que façam sentido para todos os envolvidos. Isso porque a preocupaçã­o não é, simplesmen­te, parecer, mas ser.

É necessário ser rigoroso quanto a pontos como impactos ambientais, transparên­cia, meritocrac­ia, igualdade de oportunida­des e equidade salarial e de gênero. Deve-se trabalhar rumo a uma mudança substancia­l de cultura, com o fortalecim­ento do propósito embasado na confiança e identifica­ção. São questões que sempre estiveram por aí, mas que agora são mais relevantes do que nunca. Os administra­dores precisam abraçar essa responsabi­lidade e conduzir as empresas para o futuro.

Os administra­dores têm um importante papel a exercer, em especial quanto àquele que é considerad­o o primeiro passo para tornar uma empresa, efetivamen­te, ESG

Sérgio Pereira Lobo é presidente do Conselho Regional de Administra­ção do Paraná - CRA-PR, formado em Administra­ção pela Faculdade Católica de Administra­ção e Economia – FAE e mestre em Administra­ção, pela Escuela Superior de Administra­ción y Dirección de Empresas – ESADE, em Barcelona, Espanha

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