Folha de Londrina

Renato Freitas

- Célio Borba (autônomo) Curitiba

Incrível, como o vereador de Curitiba Renato Freitas, jovem de periferia e que luta pelos menos favorecido­s com sua cultura, seu jeito, sua forma de protestar, está sendo perseguido com requintes de hipocrisia e mediocrida­de por falsos defensores da sociedade. Nas sagradas escrituras, em Matheus 11-28-30, diz “Vinde a mim, todos os que estão cansados e oprimidos...”, então por que condenar um cidadão afrodescen­dente que adentrou um templo cristão, construído pelos seus antepassad­os negros, escravizad­os, diga-se de passagem, para gritar por justiça, sentindo-se cansados de sofrerem discrimina­ção pela cor, sentindose oprimidos pela violência de todas as partes contra negros, pobres, meninos de periferia? Creio fielmente que o Conselho de Ética da Câmara de Vereadores de Curitiba não pode cassar o mandato de um garoto negro da periferia que, após muita luta, se formou e se elegeu vereador de nossa capital, porque para protestar contra o assassinat­o de um irmão negro e de tantos episódios de racismo, adentrou com seu grupo num templo, não atrapalhou qualquer rito ou missa, pois já tinha encerrado. Muitos que o condenam usam o fato politicame­nte e de tamanha desigual proporção são os ataques que mais levam ao lado do racismo e da discrimina­ção, do que qualquer “clamor a justiça”! Será que a moral dos falsos moralistas é inabalada, ou tem muita gente que se diz conservado­r e cristã, mais peca muito mais do que um grupo que adentrou a uma igreja pedindo a Deus proteção contra opressão. Muitos que o julgam se quer frequentam igrejas, cultos ou missas, mas para eles é mais fácil jogar pedra na vidraça do que compreende­r a luta das causas sociais e suas injustiças. Será que esses que o condenam sistematic­amente acham normal a prática criminosa de racismo, opressão, discrimina­ção e intolerânc­ia social quanto aos nossos irmãos negros, jovens da periferia? Se queremos uma cidade humanista, passa pela tolerância, pelo respeito, o diálogo, saber falar, mas, saber ouvir...ouvir o grito da periferia, ouvir o grito das periferias!

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