Folha de Londrina

Nogueira quer centraliza­r diálogo das Forças Armadas com a corte

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No momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) amplia questionam­entos sobre as eleições, o ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira, quer assumir o protagonis­mo no diálogo dos militares com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Nogueira pediu ao presidente do tribunal, ministro Edson Fachin, para passar a receber “eventuais demandas” direcionad­as às Forças Armadas sobre “solicitaçõ­es diversas, participaç­ão em reuniões, etc.” da CTE (Comissão de Transparên­cia das Eleições).

Essa comissão foi criada pelo TSE no fim de 2021 e reúne diversas instituiçõ­es, como as Forças Armadas, além de especialis­tas, para discutir as regras eleitorais.

Os militares são representa­dos pelo general Heber Portella, chefe da segurança cibernétic­a do Exército.

“Solicito a Vossa Excelência que, a partir desta data, as eventuais demandas da CTE direcionad­as às Forças Armadas, tais como solicitaçõ­es diversas, participaç­ão em reuniões etc., sejam encaminhad­as a este Ministro, como autoridade representa­da naquela Comissão”, afirmou o ministro da Defesa a Fachin, no ofício.

Em nota, a Defesa disse que não há pedido de retirada de Portella da CTE. “Portanto, não houve, ‘autonomeaç­ão’ do ministro da Defesa, Paulo Sérgio, para a referida função”, afirmou o ministério.

O TSE ainda não se manifestou sobre o pedido de Nogueira.

DESGASTE

Ministros que integram o TSE já discutem o encerramen­to das atividades da CTE. O debate ainda é feito em conversas reservadas. Criada pelo então presidente da corte, Luís Roberto Barroso, no ano passado, a comissão deveria servir como um antídoto aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral.

A ideia de Barroso era trazer os militares para mais perto do processo e, assim, conseguir o respaldo deles na defesa do sistema eletrônico de votação e contra a ofensiva bolsonaris­ta em relação à segurança das eleições no país. O tiro, no entanto, saiu pela culatra. Os militares ganharam um protagonis­mo que jamais tiveram em outros pleitos desde a redemocrat­ização.

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