Rússia expulsa 85 diplomatas europeus em retaliação ao Ocidente
Belo Horizonte - A Rússia anunciou nesta quarta-feira (18) a expulsão de 85 diplomatas franceses, espanhóis e italianos do país, em mais um sinal de agravamento do desgaste entre o Kremlin e as potências ocidentais.
Desde o início da invasão russa na Ucrânia, tanto Moscou quanto o Ocidente têm recorrido à prática que, na linguagem diplomática, representa grande insatisfação do país anfitrião contra o país representado. A classificação de persona non grata dada a um diplomata ou a um funcionário de um posto diplomático representa, na prática, a determinação para que ele deixe o país.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou que devem sair de Moscou 34 diplomatas da França, 27 da Espanha e 24 da Itália. No primeiro caso, de acordo com o embaixador francês, eles têm até duas semanas para deixar a Rússia. Já os espanhóis terão ainda menos tempo para arrumar as malas: foi estabelecido o prazo de sete dias para que voltem a Madri.
Não foram divulgados detalhes e prazos para a saída dos italianos. Roma e Moscou, ao menos desde a entrada de Vladimir Putin no poder, mantiveram importantes laços econômicos e políticos, principalmente devido à estreita relação entre o presidente russo e o ex-líder italiano, Silvio Berlusconi.
A Itália reagiu às expulsões desta quarta, com o primeiro-ministro Mario Draghi chamando a medida de “um ato hostil” e alertando que os canais diplomáticos com Moscou não devem ser interrompidos.
Já a chancelaria francesa divulgou um comunicado condenando “firmemente” a decisão e afirmou que a medida não tem “fundamentos legítimos”.
As três nações europeias alvos de Moscou, por outro lado, estão entre aquelas que já expulsaram mais de 300 russos desde o início da invasão. Em muitos casos, eles acusaram os diplomatas e funcionários russos de espionagem, o que o Kremlin nega.
A Espanha, por exemplo, expulsou no mês passado 25 russos do país, citando “razões de segurança devidamente justificadas”. “[Esse] não é o caso de agora”, disse o Ministério das Relações Exteriores espanhol em um comunicado nesta quarta.
Também em abril, a Rússia enviou para casa 45 funcionários poloneses e 40 alemães. Medidas semelhantes foram adotadas por e contra países como Finlândia, Romênia, Dinamarca, Suécia, Noruega, Japão e EUA.
Em Moscou, a embaixadora da Suécia foi convocada pela diplomacia russa para prestar esclarecimentos - outra prática comum nas relações internacionais em caso de insatisfação, mas maximizada desde o início do conflito.
O movimento acontece no mesmo dia em que o país nórdico, junto com a Finlândia, entregou o pedido formal para a admissão na Otan, a aliança militar liderada pelos EUA. Para que sejam aceitos, porém, os dois precisarão convencer a Turquia, que tem colocado entraves para a aprovação.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reiterou nesta quarta que pretende vetar a entrada de Suécia e Finlândia na Otan se seus respectivos governos não deportarem cidadãos turcos que Ancara considera terroristas alguns são opositores de Erdogan.