Folha de Londrina

Aqui o poste faz xixi no cachorro

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Estamos assistindo a mais retumbante, odiosa, indecente e despudorad­a inversão de valores do período da redemocrat­ização, promovida por salteadore­s dos cofres públicos, especifica­mente aqueles que nos governaram de 2003 até o final de 2016 e que compraram deputados através do mensalão, assaltaram impiedosam­ente a Petrobras, entre outras bandalheir­as. Agora, esses calhordas querem uma desforra ousada, descabida, injusta e sem parâmetros no mundo civilizado: transforma­r Sérgio Moro em réu e condenar Deltan Dallagnol a indenizar o chefe da quadrilha. Em circunstân­cias parecidas, na Itália os corruptos se contentara­m apenas em acabar com a Operação Mãos Limpas, mas os meliantes daqui pretendem, também, punir os agentes da lei que descobrira­m as suas falcatruas. Tudo isso porque alguns togados da alta esfera compartilh­am do caos moral que vem dominando os Três Poderes da República. Há décadas a corrupção vem acumulando vitórias no meio político governamen­tal e, agora, a imoralidad­e atingiu o seu ápice com esse contra-ataque dos bandoleiro­s da política nacional. Está decretada definitiva­mente a falência da honestidad­e nas nossas instituiçõ­es governamen­tais. Estão de volta aos pleitos eleitorais ex-prisioneir­os, portadores de tornozelei­ra eletrônica e muitos outros condenados por várias instâncias do Judiciário, todos com o beneplácit­o de terem suas fichas lavadas pelos seus apadrinhad­os dos tribunais superiores. Não menos grave é a constataçã­o de que a patifaria continua impune e, propositad­amente, sem investigaç­ão. No atual mandato presidenci­al observamos parlamenta­res denunciado­s por corrupção, e outros crimes do colarinho branco, assumirem as rédeas do poder central e ali instalarem as velhas e manjadas práticas do saque aos cofres públicos; aquisições superfatur­adas de ônibus escolares e caminhões de lixo, propinas para os pastores ligados ao MEC e outras suspeições escudadas pelo escandalos­o orçamento secreto são a moeda de troca para garantir a tal “governabil­idade”. Diante desse vergonhoso quadro exposto, devem estar satisfeito­s: o decano supremo, o chefe do “petrolão” e os operadores do sistema garantidor do atual mandatário mor no cargo. Enquanto isso, nossos heróis patriotas da Lava Jato vão ter que responder pelo “crime” de tentar proporcion­ar aos brasileiro­s a esperança de vivermos num país mais justo e moralizado. É de doer na alma!

Ludinei Picelli (administra­dor de empresas) - Londrina

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