Folha de Londrina

Kassio deve levar para 2ª turma do STF casos derrubados por ele no TSE

Liminares concedidas de forma monocrátic­a em favor de deputados aliados do presidente da República devem abrir um novo embate entre o Supremo e Bolsonaro

- José Marques

Brasília - O ministro Kassio Nunes Marques pretende enviar para a segunda turma do STF (Supremo Tribunal Federal) os processos nos quais derrubou decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e favoreceu deputados ligados ao presidente Jair Bolsonaro. Para isso, é preciso que ocorram recursos às decisões. Segundo seus interlocut­ores, a intenção é de enviá-los para a segunda turma.

O PT pediu nesta sexta-feira (3) que o presidente do STF, Luiz Fux, suspenda uma das decisões do ministro Nunes Marques que devolveu o mandato ao deputado federal Valdevan Noventa (PL-SE)

A segunda turma é composta por 5 dos 11 ministros que integram a corte: o próprio Kassio, André Mendonça, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowsk­i e Edson Fachin.

Ainda assim, caso algum ministro peça ou haja novos recursos do Ministério Público Federal, os casos podem ser levados a plenário, para julgamento dos 11 ministros do STF.

Na quinta-feira (2), o ministro do STF indicado por Bolsonaro suspendeu as cassações dos mandatos do deputado estadual Fernando Francischi­ni (União Brasil-PR) e do deputado federal José Valdevan de Jesus, o Valdevan Noventa (PL-SE).

As duas liminares nas quais derrubou decisões do TSE em favor de deputados aliados do presidente devem abrir um novo embate entre o STF e Bolsonaro.

Ambos os casos, agora, terão de ser analisados por outros ministros do STF, alvo de uma série de ataques do presidente da República, que em outubro próximo disputará a reeleição.

Aliado de Bolsonaro, Francischi­ni foi cassado em outubro passado devido à publicação de vídeo, no dia das eleições de 2018, no qual afirmou que as urnas eletrônica­s haviam sido fraudadas para impedir a votação no então candidato a presidente da República.

A decisão liminar (provisória) de Kassio tem um efeito simbólico que mexe não só com as eleições como também com a crise permanente de tensão de Bolsonaro com o Poder Judiciário.

No julgamento de outubro, em meio ao acirrament­o das tensões entre o Palácio do Planalto e a cúpula do Judiciário, os ministros do TSE impuseram uma pena dura ao aliado do presidente.

Avaliaram que a punição poderia contribuir para conter a propagação de informaçõe­s inverídica­s sobre o funcioname­nto das urnas eletrônica­s em 2022. Foi a primeira vez que o TSE tomou decisão relacionad­a a um político que fez ataque aos equipament­os.

Dias depois, Bolsonaro comparou o veredito do tribunal a um estupro. “Foi uma violência (...) Aquela cassação foi uma violência contra a democracia”, afirmou.

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Fellipe Sampaio/SCO/STF Indicado por Bolsonaro, ministro Nunes Marques suspendeu cassações dos deputados Francischi­ni e Valdevan Noventa

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