Folha de Londrina

Marinho: aos 65 anos, uma crônica do samba em Londrina

Grupo Curingas do Samba faz homenagem a Seu Mário, presença onipresent­e numa boa batucada

- Walkiria Vieira

Reconhecer em vida a relevância de uma pessoa é gesto nobre. Para homenagear o exímio dançarino de samba Seu Mário ou Marinho, muito conhecido nas rodas de samba londrinens­es, o grupo musical Curingas do Samba criou uma canção: “Cadê Marinho?”. Mário José da Silva tem 65 anos, 40 de samba no coração e no pé. Todo mundo conta que adentra no Samba da Madrugada às 21h e só vai embora às 5 da matina. Disposição contagiant­e. “Sem descanso, sem parar, sem perder a malandrage­m! “, descontrai Arthur Santana, vocalista do Curingas do Samba.

Seu Mário é londrinens­e e conta que aprendeu a dançar no Balancê, com o saudoso Marinaldo Ferreira. A canção criada para o estimado amante do samba está no YouTube. A letra, segundo Santana, relata um pouco sobre a presença dele nos principais eventos de samba da cidade. Marinho é um professor de danças gaúchas que se apaixonou pelo samba e é presença marcante em todas as rodas da cidade. “A sensação que dá, é que ele é onipresent­e”, afirma Santana.

Conhecido por dançar com todas as pessoas do baile, fazse fila para dançar com ele e existe um encantamen­to em toda essa corte. Marinho conduz os passos e no final, em um ato totalmente poético, tira o chapéu da sua própria cabeça e coloca na cabeça de seu par. A brincadeir­a virou cultura no samba e quem samba com o Marinho e não ganha o chapéu, fica frustrado e às vezes é motivo de chacota para as outras pessoas que dançaram e ganharam. Tudo com bom humor e a irreverênc­ia dos Curingas.

A letra da canção traduz um pouco dessa verdadeira crônica das rodas de samba, sua essência, alegria e simplicida­de, O refrão surgiu porque muitas pessoas começaram a considerá-lo parte do espetáculo! E quando ele faltava as pessoas perguntava­m: “Cadê Marinho?” Como se ele fosse parte da banda. “Cadê Marinho? Cadê Marinho meu senhor? Marinho vem Sambar com meu amor!”

Pois sim, por ser cordial e cavalheiro simpático, respeitoso e profission­al, é comum ouvir os maridos e namorados dizendo: “O Seu Mário é o único com quem deixo minha esposa dançar”. “Já ouvimos por exemplo, quando o Marinho faltou em um dos nossos shows, ouvir os caras dizendo: “Poxa! Ele não veio! Eu não sei dançar e só permito que ele dance com o meu amor. Consegue imaginar isso? Os homens pedindo para o Seu Mário dançar com suas mulheres?”, questiona Santana.

Os Curingas emendam: “Quando ele chega levanta a poeira, não marca bobeira! Quer mil saideiras, não perde o compasso! “A humildade é também sua marca e todas as vezes que recebe um elogio sobre o seu talento e jeito de dançar, Marinho agradece da mesma forma, feito verdadeiro bordão: “Estamos nesta vida para aprender”.

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Arquivo do Exército Brasileiro

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