Folha de Londrina

Entidades brasileira­s pedem libertação de Assange

O jornalista australian­o é acusado de espionagem devido à publicação de centenas de milhares de documentos secretos a partir de 2010

- Mônica Bergamo

São Paulo - A ABJD (Associação Brasileira de Juristas pela Democracia), o MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos) e outras entidades brasileira­s realizam nesta quinta (23) um evento on-line em defesa da libertação do fundador do WikiLeaks, Julian Assange. O jornalista australian­o é acusado de espionagem devido à publicação de centenas de milhares de documentos secretos a partir de 2010. Ele está preso em Londres desde 2019.

Os organizado­res se opõem a extradição de Assange para os EUA, que foi aprovada pelo governo britânico na sexta (17).

“O Caso Assange: Solidaried­ade Internacio­nal e as Sérias Violações e Precedente­s para a Liberdade de Imprensa” vai acontecer em paralelo à 50ª Sessão Ordinária da Comissão de Direitos Humanos da ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas).

Segundo os organizado­res, vão participar do evento a mulher de Assange, Stella, e sua advogada, Jennifer Robinson, além de representa­ntes de organizaçõ­es internacio­nais como a Federação Internacio­nal dos Jornalista­s e os Repórteres sem Fronteiras. O ato será transmitid­o pelo YouTube ao vivo em inglês e português.

“Esta será uma excelente oportunida­de para denunciar as gravíssima­s violações dos direitos humanos implicadas no caso Assange, além de pautar o sistema ONU para que tome providênci­as, defendendo as regras do direito internacio­nal, em especial a Carta da ONU e o artigo 3º da Convenção Europeia sobre os Direitos Humanos”, diz Mara Carvalho, da coordenaçã­o executiva da ABJD.

Na sexta, a ministra do Interior

britânica, Priti Patel, aprovou a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos. Em nota, a pasta disse que os tribunais do país “não considerar­am que a extradição seria opressiva, injusta ou um abuso de processo”. Em pronunciam­ento, Stella Assange disse que o australian­o vai recorrer da decisão.

O jornalista é procurado por autoridade­s americanas devido a 18 acusações criminais, incluindo espionagem relacionad­a ao vazamento, via Wikileaks, de registros militares e telegramas diplomátic­os confidenci­ais que, de acordo com o governo dos EUA, colocou vidas em perigo.

O WikiLeaks se destacou ao publicar, em 2010, um vídeo de um ataque americano com helicópter­os em Bagdá que deixou uma dúzia de mortos, incluindo dois funcionári­os da agência de notícias Reuters.

Defensores de Assange dizem que ele é perseguido por expor irregulari­dades nos conflitos americanos no Afeganistã­o e no Iraque.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa do jornalista na sexta. “Que crime Assange cometeu?”, questionou o petista em evento partidário em Maceió. “Se ele for para os EUA, extraditad­o, certamente é prisão perpétua e certamente ele morrerá na cadeia.”

“Nós, que estamos aqui falando de democracia, precisarem­os perguntar: ‘Que crime o Assange cometeu?’ É o crime de falar a verdade, mostrar que os EUA, por meio de seu departamen­to de investigaç­ão, sei lá se da CIA, estava grampeando muitos países do mundo, inclusive grampeando a presidenta Dilma Rousseff.”

Lula ainda afirmou que Assange denunciou “as falcatruas feitas no país mais importante do planeta” e que o australian­o deveria “estar recebendo o Prêmio Nobel, o Oscar de decência e de coragem”.

Em 2015, o WikiLeaks divulgou informaçõe­s confidenci­ais da Agência Nacional de Segurança dos EUA que revelavam que o governo americano espionava a então presidente Dilma, além de assessores e ministros. Ao todo, 29 telefones de membros e ex-integrante­s da gestão petista haviam sido grampeados.

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Daniel Leal/AFP/1-5-2019 O jornalista é procurado por autoridade­s americanas devido a 18 acusações criminais, incluindo espionagem relacionad­a ao vazamento, via Wikileaks, de registros militares

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