Ex-ministro e pastores são presos por suspeita de corrupção no MEC
A prisão de Milton Ribeiro, que foi o titular do Ministério da Educação por quase dois anos, e de outros dois pastores que atuariam como lobistas, pode afetar a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), avaliam aliados. Oposição defende abertura de CPI para apurar denúncias
O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro tem histórico recente de passagem por Londrina, mas não em caso relacionado com o processo referente ao pedido de prisão sobre liberação de verbas no FNDE. Ribeiro chegou a ser acusado de atuar nos bastidores a favor de suposta fraude ocorrida em favor do curso de biomedicina da UniFil (Universidade Filadélfia) em processo no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) 2019. A instituição é presbiteriana, assim como o ministro, que é pastor. A fraude teria ocorrido no vazamento da avaliação do ensino superior.
Investigação do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) concluiu haver fortes indícios, sobretudo estatísticos, de fraude
após a coordenadora da graduação ter tido acesso à prova e às respostas com antecedência. Segundo informações do Jornal Folha de S. Paulo, o ministro Ribeiro teria tratado do caso pessoalmente, à época. Ele recebeu os controladores da instituição e esteve em Londrina em setembro de 2020 no meio do processo, além de ter determinado que seu próprio secretário acompanhasse uma visita de supervisão. A instituição tem ligação com a Igreja Presbiteriana Central de Londrina. O chanceler da UniFil é o pastor Osni Ferreira, líder dessa igreja —seu irmão Eleazar Ferreira é o reitor. Osni e Eleazar foram recebidos por Ribeiro em seu gabinete em 2 de setembro de 2020.
A investigação interna do MEC contra a instituição já estava adiantada nessa época. No dia 26 daquele mês, um sábado, Milton Ribeiro veio a Londrina, sem assessores da pasta, para visitar a universidade. Ribeiro ainda aproveitou a mesma visita para fazer uma pregação, ao lado do deputado federal Filipe Barros (PL), no dia seguinte (27), na igreja comandada
por Osni, apoiador do presidente Jair Bolsonaro.
PROXIMIDADE
Já em outubro de 2020, o então ministro da Educação e Filipe Barros anunciaram, de Brasília, a instalação da Reitoria do novo Instituto Federal do Norte do Paraná em Londrina. O processo administrativo feito por solicitação do parlamentar foi apenas de reordenamento do IFPR, ainda sediado em Curitiba.
Procurado para comentar sobre a prisão de Ribeiro, o deputado disse à FOLHA que “espero que tudo seja esclarecido”. Filipe Barros ressaltou que tem proximidade com todos os ministros do governo Bolsonaro. “Todos sabem, sou apoiador desde 2015 [de Bolsonaro]. Por exemplo, nesta quinta-feira [23/06] teremos uma agenda com o ministro Paulo Alvim (Ciência e Tecnologia) em Londrina e Assaí”, respondeu Barros. A assessoria de imprensa da UniFil informou que a instituição não irá comentar sobre a investigação envolvendo a suposta fraude no vazamento da prova do Enade em 2019.