Folha de Londrina

Histórico de problemas no MEC

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A prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro evidencia uma história de problemas em uma das pastas mais sensíveis do governo de um país em desenvolvi­mento. Ribeiro foi um dos cinco nomes que estiveram à frente do MEC em três anos e meio do governo do presidente Jair Bolsonaro.

A dança das cadeiras começou com a demissão do primeiro ministro da Educação de Bolsonaro, Ricardo Vélez, que saiu do posto meses depois da posse e foi substituíd­o por Abraham Weintraub. Na sequência, Carlos Decotelli foi nomeado, mas não chegou a assumir pois veio à tona a informação de fraudes sobre sua formação acadêmica. Milton Ribeiro, então, tomou posse à frente do MEC, em julho de 2020, e acabou pedindo demissão em março de 2022 após a divulgação de um áudio em que ele dizia liberar verbas da pasta por indicação de dois pastores. Atualmente,

no cargo, está Victor Godoy.

A prisão de Ribeiro, que é pastor de uma igreja presbiteri­ana em Santos, aconteceu nesta quarta-feira (22). Ele e outros dois pastores que também foram presos, Gilmar Santos e Arilton Moura, são suspeitos de operar um balcão de negócios no ministério e na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvi­mento da Educação).

Também foram detidos Luciano de Freitas Musse, advogado e ex-assessor do MEC, e Helder Bartolomeu, ex-assessor da prefeitura de Goiânia. Os dois pastores são apontados como lobistas que atuavam no MEC. A ação desta quarta-feira foi batizada de Acesso Pago e investiga a prática de “tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos” do FNDE. Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.

A educação é essencial para um país que almeja vencer mais etapas do seu processo de desenvolvi­mento. E não é exagero dizer que hoje ela precisa ocupar uma importânci­a ímpar devido a todas as dificuldad­es impostas pela pandemia aos estudantes e professore­s brasileiro­s.

É preocupant­e essa dança das cadeiras no MEC porque a cada escândalo e substituiç­ão de seu principal líder, os projetos em andamento perdem força, são engavetado­s ou cancelados por conta de novos prazos e novas tomadas de decisões.

O posto do chefe da pasta da educação precisa ser considerad­o como um dos mais relevantes dos governos de âmbito federal, estadual e municipal. É preciso eficiência, transparên­cia, construção de políticas, processos e procedimen­tos que superem instabilid­ade e busquem a qualidade do ensino público.

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