Folha de Londrina

Prisão de Ribeiro abala campanha de Bolsonaro, dizem aliados

Ex-ministro da Educação e pastores ligados ao presidente são presos preventiva­mente pela Polícia Federal acusados de corrupção e tráfico de influência no MEC

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Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliam que a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro (Educação), nesta quartafeir­a (22), coroa o pior momento da campanha eleitoral do mandatário, que aparece em segundo lugar nas pesquisas, atrás do líder Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Já apreensivo­s com a alta do preço dos combustíve­is, anunciada na semana passada pela Petrobras, pessoas próximas ao presidente dizem que a prisão abala ainda mais um dos pilares da campanha, que é o discurso anticorrup­ção, usado para fazer frente ao ex-presidente petista.

A oposição, por sua vez, vai se aproveitar do episódio exatamente para apontar novas contradiçõ­es no discurso do mandatário de que não haveria ilícitos em sua gestão. Aliados de Lula, por exemplo, reforçaram nesta quarta-feira a defesa da abertura de uma CPI para investigar o MEC.

Ribeiro foi preso pela Polícia Federal sob suspeita de ter cometido quatro crimes: corrupção passiva, prevaricaç­ão, advocacia administra­tiva e tráfico de influência, como listou o mandato expedido pelo juiz Renato Borelli,

da 15ª Vara Federal em Brasília.

Um integrante do núcleo duro da campanha bolsonaris­ta diz que “não tem vida fácil”, ao comentar a detenção de Ribeiro e de um pastor ligado ao governo. Este aliado de Bolsonaro, porém, rechaça a tentativa da oposição de colar a prisão do ex-ministro no presidente, indicando a estratégia a ser adotada.

Outro aliado de Bolsonaro, ministro do governo, alega que a investigaç­ão não citou o presidente, portanto, não haveria nem por que tentar descolá-lo da prisão. Os recursos são do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvi­mento da Educação), órgão ligado ao MEC controlado por políticos do centrão, bloco político que dá sustentaçã­o a Bolsonaro.

Diante da prisão de Ribeiro, aliados do governo dizem que a apuração ainda não evidenciou nenhuma delação como a do ex-ministro Antonio Palocci, ex-ministro dos governos petistas, que incriminou Lula por corrupção às vésperas da eleição de 2018.

ACESSO PAGO

A ação que prendeu Ribeiro foi batizada de Acesso Pago e investiga a prática de “tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos” do FNDE.

Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, ambos ligados ao presidente, foram presos preventiva­mente. Também foram detidos Luciano de Freitas Musse, advogado e ex-assessor do MEC, e Helder Bartolomeu, ex-assessor da Prefeitura de Goiânia. Agentes federais estiveram na sede da pasta, em Brasília.

Os dois pastores são apontados como lobistas que atuavam no MEC. Com base em documentos, depoimento­s e um relatório da CGU (Controlado­ria-Geral da União), foram mapeados indícios de crimes na liberação de verbas do fundo. Foram cumpridos 13 mandados m Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.

OUTRO LADO

O advogado do ex-ministro

afirmou que irá entrar com um pedido de habeas corpus para libertar seu cliente, sob o argumento de que as suspeitas apontadas para justificar a prisão não são contemporâ­neas. “Não se poderia decretar a medida excepciona­l”, diz a nota assinada pelo advogado Daniel Bialski. Ele diz também que a razão da prisão preventiva é “injusta, desmotivad­a e indiscutiv­elmente desnecessá­ria”.

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Pedro Ladeira/Folhapress Após ter dito à época das denúncias que botava “a cara no fogo” por Ribeiro, Bolsonaro disse ontem que exministro tem que pagar por seus atos
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