Folha de Londrina

STF põe em sigilo inquérito sobre Milton Ribeiro e atuação de pastores no MEC

Decisão foi tomada pela Justiça após o MPF apontar “indício de vazamento” da operação policial e possível interferên­cia de Bolsonaro

- José Marques

O STF (Supremo Tribunal Federal) pôs em sigilo as investigaç­ões relacionad­as ao ex-ministro Milton Ribeiro e aos pastores suspeitos de atuarem em um balcão de negócios no Ministério da Educação.

Os autos, que estavam na Justiça Federal do Distrito Federal, chegaram ao Supremo na quarta-feira (29). O caso está sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia.

A decisão de enviar o caso ao STF foi tomada pelo juiz Renato Coelho Borelli após o Ministério Público Federal apontar “indício de vazamento da operação policial e possível interferên­cia ilícita por parte do presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigaç­ões”.

Em conversa em 9 de junho com sua filha captada em uma intercepta­ção telefônica, Ribeiro diz que falou com Bolsonaro naquele dia e que ele teria dito estar com “pressentim­ento” de que iriam atingi-lo por meio da investigaç­ão contra o ex-ministro.

Além dessa conversa telefônica, outro motivo para a remessa foi a mensagem enviada a colegas pelo delegado federal responsáve­l pelo pedido de prisão de Milton Ribeiro, de que houve “interferên­cia na condução da investigaç­ão”.

Bruno Calandrini diz no texto que a investigaç­ão foi “prejudicad­a” em razão de tratamento diferencia­do dado pela polícia ao ex-ministro do governo Jair Bolsonaro.

“Registre-se também que há indícios de igual interferên­cia na atividade investigat­ória da Polícia Federal quando do tratamento possivelme­nte privilegia­do que recebeu o investigad­o Milton Ribeiro”, afirma a manifestaç­ão do Ministério Público.

No último dia 24, o juiz Borelli determinou a interrupçã­o de intercepta­ções telefônica­s dos investigad­os e a remessa do processo para o Supremo. Ele solicitou à época que a ministra Cármen Lúcia, que ficou responsáve­l por decisões nas investigaç­ões sobre Milton Ribeiro quando ele era ministro, ficasse como a relatora do caso.

Cármen, agora, deve encaminhar o inquérito para a PGR (Procurador­ia-Geral da República), que deverá se manifestar a respeito dos episódios que envolvem o ministro.

Além de Milton, são investigad­os os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, ambos ligados a Bolsonaro. Os dois são peças centrais no escândalo do balcão de negócios do ministério. Eles negociavam com prefeitos a liberação de recursos federais mesmo sem ter cargo no governo.

Os recursos são do FNDE, órgão ligado ao MEC e controlado por políticos do centrão, bloco político que dá sustentaçã­o a Bolsonaro desde que ele se viu ameaçado por uma série de pedidos de impeachmen­t.

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Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil Ribeiro, que chegou a ser preso semana passada, é suspeito de atuar em balcão de negócios com pastores aliados no MEC

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