Folha de Londrina

A primeira derrota do Catar

- Por Julio Oliveira

A Copa fora de época já está revelando suas adversidad­es. E nem estamos falando do país quente, que encheu os estádios de ar-condiciona­do em modernas tecnologia­s, mas de uma nova realidade de temporada para os jogadores. O número de atletas lesionados já é a primeira baixa de uma competição que não pode sofrer mudanças assim, por conta de fatores econômicos apenas.

Uma Copa é grande se tiver as maiores seleções e os principais nomes do futebol em campo. Ela só se torna especial nessa combinação dos maiores enfrentand­o os maiores. Por isso, independen­te de momento técnico, as favoritas são sempre as mesmas. Por que são as melhores no momento? Não. Apenas porque são as maiores do mundo do futebol.

O maior número de jogadores lesionados atuam na Europa, que precisou encurtar a pré-temporada para se ajustar à Copa no final do ano. Resultado: menor descanso e mais lesões. França, Portugal, Bélgica, Argentina, Holanda e Alemanha perderam jogadores importante­s. E todas favoritas em qualquer lista de palpites. Uma Copa não pode ficar sem Pogba, Kanté, Marco Reus, Wijnaldum, Lo Celso e muito menos sem Sadio Mané, o principal jogador de Senegal e um dos maiores da atualidade, e Karin Benzema, eleito o melhor do mundo deste ano.

A competição perde brilho.

A lesão é parte da vida de qualquer atleta e, principalm­ente, do jogador de futebol por sofrer contusões que são de recuperaçã­o mais longa. Mas quando a data do Catar foi confirmada, muito já se ressaltava do estágio físico em que os jogadores chegariam para o torneio. E está se confirmand­o. Além dos que foram cortados, os que nem foram convocados, há ainda os que foram, mas não estão disponívei­s para os primeiros jogos.

O futebol precisa do dinheiro. O dinheiro move o “negócio” futebol. Mas a essência do futebol ainda é o talento. E dinheiro não faz talento. O Catar tem dinheiro e não tem futebol, mas levou a Copa. Torcemos para que esta edição não nos tire mais talentos e nem o prazer de ver o que o dinheiro ainda não interfere: a emoção dos grandes lances que entrarão para história de mais uma Copa.

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo

A opinião do colunista não reflete, necessaria­mente, a da Folha de Londrina

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